segunda-feira, 1 de abril de 2013

Nova visita ao La Madrileña, em Pinheiros

Depois de um longo e tenebroso inverno em que estive distante deste nosso blog, volto a publicar aqui as coisas que ando bebendo e pensando por este mundo dos vinhos. Retomo a ideia inicial de ter ao menos dois posts por semana - vamos ver se consigo !

Semana passada, uma revisita pra lá de prazerosa : voltamos ao La Madrileña, simpaticíssimo restaurante ou bar de tapas sobre o qual já andei escrevendo aqui no blog, tempos atrás. Se quiser lembrar o que foi que escrevi, leia esse post clicando aqui.

No La Madrileña, que fica em Pinheiros, a gente é recebido pelos sempre gentis e simpáticos donos : o Edson e o Emerson. É sempre difícil lembrar qual deles é o Edson e qual o Emerson - mas acho que eles não fazem muita questão disso, não ...

O local, que é pequeno e aconchegante, sofreu recentemente uma reforma e abriga agora, no andar de cima, um número um pouco maior de mesas. Outra enorme mudança : o bar agora importa diretamente de produtores espanhóis boa parte dos vinhos que serve por lá. É uma oportunidade de provar vinhos da Espanha um pouquinho diferentes dos habituais do mercado - e vamos e venhamos, uma das delícias desse mundo do vinho é exatamente a possibilidade de estar sempre provando coisas novas, certo ?

As tapas continuam excelentes : uma tortilla deliciosa, crocante por fora e úmida por dentro; o salmorejo, uma espécie de gazpacho um pouco mais espesso, otimamente temperado; e um ótimo sarten de pobre - como descrever este prato ? Batatas e cebolas cozidas, misturadas a carne moída muito bem temperada, e com um ovo frito por cima - dá pra ter uma ideia, né ? Há também um sarten de rico que não chegamos a provar, com camarões substituindo a carne moída.

Evidentemente, bebemos vinhos espanhóis. Demos início aos trabalhos com um Rioja diferentão : o Artuke Maceración Carbónica 2010, com a tradicional cepa riojana tempranillo cortada com a cepa graciano - segundo o Edson, a graciano acrescenta gracia à tempranillo, tornando o vinho mais leve e mais frutado. O detalhe é a tal da maceração carbônica, não muito comum na Rioja. É aquele processo em que a fermentação tem início em uma cuba fechada, e o próprio gás carbônico que vai sendo liberado pelas reações químicas da fermentação pressiona e vai esmagando os bagos da fruta.

É um processo muito usado pelos famosos Beaujolais Nouveaux, e o vinho obtido costuma ser muito frutado, praticamente sem taninos, com coloração leve, para sere degustado jovem.

O Artuke não nos seduziu muito, mas correspondia muito bem a essa descrição clássica dos produtos da maceração carbônica.

Depois, começamos a conversar mais sério - e entornamos um Artuke Crianza 2009, com o mesmo corte de tempranillo e graciano, mas com passagem por madeira. Um Rioja mais tradicional, com taninos sensíveis e boa acidez. No nariz, a presença marcante da fruta (contribuição da graciano, talvez?) mas também traços vindos da madeira : couro, baunilha, chocolate.


Fechamos a noite com outro vinho que nunca havíamos provado : o Rey Santo Dulce 2010, de Rueda, um vinho de sobremesa produzido com a tradicional cepa branca verdejo colhida tardiamente. Um vinho doce, mas com marcante acidez e um toque de mineralidade que o faz bem diferente dos cosecha tardia com os quais a gente está acostumado aqui na América do Sul.


Ou seja : local agradável, serviço gentil e amistoso, comida deliciosa, vinhos inesperados - e preços camaradas.

Bacana, não acha ?
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