terça-feira, 19 de abril de 2011

Como perceber a tal da "harmonização" ?

Harmonização - taí, esse é um tema sobre o qual a gente volta e meia fala por aqui. Aliás, não só neste blog : todos os blogs de vinho (há centenas deles !) costumam colocar parte do seu foco na tal da harmonização, ou seja, na combinação perfeita entre o que se está bebendo e o que se está comendo.

Leitores menos familiarizados com essa terminologia toda que a gente emprega podem estar se perguntando - mas como é que eu faço pra sentir mesmo essa harmonização ? Como é que eu posso ter certeza de que o prato que eu pedi está - ou não está - harmonizando com o vinho que eu escolhi ?

Bem, logo de cara já vou dizendo - há uma enorme dose de subjetividade embutida nesses processos. Não dá pra definir cientificamente por qual razão eu acho que meu spaghetti com molho de tomate combina maravilhosamente com vinho Chianti e não combina tão bem com outro tipo de vinho tinto. Isto é : se a gente descer até as minúcias da química e da física envolvidas no preparo dos pratos e dos vinhos, pode até ser que se chegue a alguma conclusão mais, digamos, científica. Mas a gente não está aqui pra isso, e sim para sentir esses sabores - e aí, o que manda é a subjetividade.

Mas há algumas técnicas que se pode utilizar, e que ajudam no processo, sem que a gente precise transformar o blog em um livro chatinho de química orgânica.

Primeiro passo - antes de mais nada, sinta bem o sabor da comida e do vinho - separados ! Concentre-se no que está colocando na boca, interrompa a conversa só por um instante, e sinta os sabores. Identifique cada um deles, memorize, veja se gosta ou se não gosta, veja do que gosta mais, do que gosta menos. Na comida, procure indentificar o salgado, o doce, o amargo, o azedo, o apimentado, etc. No vinho, o sabor de frutas, ou de álcool, ou de madeira, ou amanteigado, etc.

Aí, então, parta para sentir os dois juntos. Prove um bocado da comida, sinta de novo seus sabores, e, antes de engolir, tome um golinho do vinho - e de novo se concentre em sentir o sabor da mistura, ou seja, em sentir o que está sentindo.

Tereza e eu lemos um artigo, algum tempo atrás (infelizmente já não me lembro do autor) que sugeria um truque legal, que a gente tem usado, que pode ser resumido assim :

2 + 2 = 4. Esta é uma combinação normal. A gente sente o sabor da comida e o sabor do vinho, e os dois juntos lembram exatamente o mesmo sabor dos dois separados.

2 + 2 = 3. Aqui, a harmonização simplesmente não aconteceu. O sabor do vinho e da comida, reunidos, parece pior do que isolados. Registre na memória, para não voltar a repetir.

2 + 2 = 5. Opa ! A mágica aconteceu ! Você descobriu, de repente, que há, na sua boca, um novo sabor, melhor do que os dois sabores, quando isolados. Você tem vontade de continuar a comer desse jeito, botando na boca a comida e o vinho juntos. Registre na memória para repetir sempre que possível - e corra pra contar pra gente, por favor !

2 comentários:

Anônimo disse...

Buenas Nivaldo,
estou fazendo umas pesquisas nos blogs de vinho pra saber algo mais sobre Mendoza. Teus posts sobre a viagem de vocês tá muito bom.. Tenho um restaurante de parrillada uruguaia em Montenegro-RS faz dois anos e desde então tenho mergulhado o máximo q consigo no mundo do nobre caldo... por enquanto tenho feito incursões a serra gaúcha semanalmente pra conhecer o que está sendo feito aqui. conhecí alguma coisa da região da campanha gaúcha e serra catarinense.. mas to ansioso mesmo pela ida a Mendoza q será de 09 a 13 de junho...
saludos
José@penadelsur.com.br
ps: qnto as harmonizações, concordo plenamente com teu post.. é tudo muito pessoal e subjetivo.. basta ver q algumas clientes no meu restaurante comem carne assada tomando moscatel...
www.penadelsur.com.br

Nivaldo Sanches disse...

Olá, José, obrigado pelos seus comentários !

Espero que você faça uma boa viagem a Mendoza - se precisar de alguma informação adicional, mande-me um e-mail.

Depois me cont como foi tudo por lá !

Grande abraço

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