A chef, em plena função ... |
A palavra moqueca já tem uma sonoridade peculiar - sua etimologia é meio complicada ... Parece que pode ter vindo do substantivo moquem, que é um artefato, uma espécie de grelha, que os índios brasileiros usavam para preparar suas carnes de caça ou seus peixes.
Todo mundo conhece a famosa distinção entre a moqueca baiana e a moqueca capixaba : esta última, mais levinha, não leva dendê nem leite de coco, e tem uma cor mais avermelhada pela utilização do urucum.
Bem, Tereza optou pela moqueca baiana tradicional : peixe, cebolas, tomates e pimentões, azeite de dendê, leite de coco e coentro. Ficou uma delícia, com os sabores marcantes mas equilibrados, sem destacar demais os temperos fortes.
E aí vem a velha questão - que vinho combina bem com este prato ?
Optamos por um Altos del Plata Chardonnay 2009, um branco argentino produzido na região de Mendoza pela vinícola Terrazas de Los Andes. É um vinho fresco e frutado, com toques de abacaxi e de manteiga no nariz. Passa por carvalho, mas não muito tempo, o que lhe dá leves aromas de baunilha. Preço ? Não mais do que uns 30 reais.
A harmonização foi muito boa -a untuosidade do chardonnay combinou bem com a textura delicada do peixe e realçou os sabores mais marcantes dos temperos e dos vegetais.
Mas nós ficamos com uma curiosidade - como seria a combinação da moqueca com outros vinhos brancos ? Será que um sauvignon blanc seria demasiado ácido para o prato ? E que tal um Chablis ? Mineral demais ? E um bom vinho verde português, da uva alvarinho ?
São temas que instigaram nossa curiosidade e nossa sede - já marcamos com nossos amigos Cláudia e Walther um novo jantar, dentro de algumas semanas, onde vamos explorar essas possibilidades.
Depois eu conto como foi !
4 comentários:
Sauvignon Blanc bem herbáceo e ácido dá jogo sim com moqueca. A acidez contrabalanceia a gordura do leite de côco + dendê, e ajuda a limpar o palato.
As notas vegetais combinam com alguns sabores que às vezes pulam na nossa boca com a moqueca, como o pimentão e o coentro.
Já os vinhos mais minerais, como Chablis, Alvarinhos e Rieslings, eu não sei. Pode valer a pena o teste, mas eu teria dó de queimar uma destas garrafas - geralmente carinhas - no risco.
Um abraço!
Por coincidência, ontem tivemos um jantar de moqueca e nossa opção foi um Torrontes. Achamos que ficou bastante agradável, mas tambem ficamos curiosos para saber da harmonização com outras uvas.
Olá, Alexandre, obrigado pelos comentários !
Sim, você tem razão sobre o Chablis : dá uma pena enorme de arriscar um vinho caro desses em uma harmonização com resultados duvidosos ... Já sobre os rieslings e alvarinhos, os preços não são tão proibitivos, dá pra encarar.
Gostei da sua descrição da sauvignon blanc, vou provar !
Grande abraço !
Boa idéia, Valrm, a torrontés pode ser uma bela opção para a degustação tentativa ... Tinha me esquecido dela - e olhe que eu mesmo já escrevi, aqui no blog, um post sobe a torrontés (veja em http://vinhotododia.blogspot.com/2011/03/torrontes-uma-rainha-dissimulada.html )
A torrontés certamente vai entrar na minha degustação - depois eu conto aqui o que achamos.
Abraços !
Postar um comentário