Há uns dez anos, passei uma semana na cidade de Vancouver, Canadá, em uma reunião de trabalho. Uma noite, depois do jantar, eu e meu bom amigo Jan Grabowski nos sentamos no bar do hotel. Como bons cachaceiros, pedimos ao barman que nos servisse alguma bebida típica do país. O rapaz a princípio pareceu se atrapalhar um pouco. Foi até a estante de bebidas, olhou pra cá e pra lá, com um ar meio perdido - e acabou retornando com uma garrafa de icewine, bebida que não conhecíamos. Bem, o resultado é que Jan e eu não só adoramos o tal do icewine como quase secamos a garrafinha, dose após dose ...
Pois agora, recentemente, meu querido amigo João Carlos, leitor e apoiador deste blog desde o início, me pede que escreva um post sobre o icewine.
E o que é, afinal, o tal do icewine ? É simplesmente um vinho delicioso, de sobremesa, feito a partir de uvas congeladas pelo frio enquanto ainda estão pendentes no vinhedo. Com a água congelada no interior da uva, a fruta concentra seu teor de açúcar e - bingo ! - nasce um vinho doce natural que tem alto teor de açúcar e uma bela acidez.
Esse que tomei por lá - e depois tratei de trazer uma garrafinha na mala - era feito de cabernet sauvignon, mas o vinho pode ser produzido a partir de uma ampla gama de cepas, principalmente brancas (riesling, gewürztraminer, chenin blac) mas também tintas (como a cabernet sauvignon que provei, ou a cabernet franc ou ainda merlot).
O "vinho do gelo" é hoje produzido em vários países do mundo : Canadá, Austrália, Estados Unidos, França, Hungria, Alemanha e Áustria (onde ele ganha o nome de eiswein). É uma bebida especialíssima, que requer um processo de produção bem particular, desde a videira. Se o frio, em um ano específico, não foi o suficiente, a uva simplesmente não congela. Por outro lado, se ficar frio demais, às vezes não é possível extrair o sumo da fruta para a fermentação.
Os países mais rigorosos na produção do icewine exigem que a uva seja congelada na videira pelo frio natural. Em outros locais (como no estado do Oregon, nos Estados Unidos), a legislação permite o congelamento artificial, gerando o vinho que os americanos chamam de icebox wines.
Em resumo - trata-se de um excelente vinho de sobremesa, comparável aos Sauternes e aos Tokaj, e aos nossos late harvest da América do Sul, produzidos com uvas mais amadurecidas do que o habitual.
Recentemente, alguns produtores brasileiros (como a vinícola Pericó) começaram a produzir o icewine por aqui - mais especificamente, em São Joaquim, Santa Catarina. Ainda não tive oportunidade de provar o brasileiro - mas estou curiosíssimo, confesso ...
quarta-feira, 9 de maio de 2012
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