quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Copa dos Copos e a Copa do Mundo

Há tempos se fala, no mundo dos vinhos, que a produção mundial caminha para uma chatíssima uniformidade.
O tal do "mercado", fortemente influenciado pelo gosto dos americanos, estaria caminhando lentamente para a produção de vinhos iguais, que pudessem satisfazer esse gosto pelos vinhos potentes e cheios de madeira.
Os mais pessimistas dizem que, no longo prazo, essa onda tenderia a acabar com os maravilhosos vinhos produzidos na Europa - cada país com suas características próprias, com suas uvas específicas, com suas técnicas centenárias.
Em algumas décadas, estaríamos todos condenados a beber os mesmos e monótonos cabernet sauvignon, merlot e chardonnay amadeirados e com forte graduação alcoólica.
Parece muito pessimista, né ?
Mas chega a dar um arrepio na espinha o que a gente está vendo na Copa do Mundo de futebol. Parece que todo mundo joga igual, não há brilho, não há destaques individuais, não há goleadas. O que importa acima de tudo é não perder. Depois, se der, a gente tenta ganhar. Meu amigo Fabio Vagner escreveu belíssimo texto sobre este tema no seu blog In the Jungle - leia aqui.
Será que o mundo do futebol, tão globalizado e mercantilizado, está antecipando algo que vai mesmo ocorrer no mundo dos vinhos ? Brrrrrrrr......

Encerro com o grande Carlos Drummond de Andrade :

"Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta muito para atingirmos um nível razoável de cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto."

4 comentários:

Fabio Ribeiro disse...

Nivaldo, fico lisonjeado pela citação, mas não imagino para os vinhos um caminho tão tortuoso como tem percorrido o futebol. Esperemos que os paladares nobres contenham a temida revolução do país dos hamburgueres e dos copos de coca cola de 2 litros.
Eles já estão estragando o futebol com seu jeito científico de jogar.
Seria demais se o fizessem também com os vinhos.

Nivaldo Sanches disse...

Vamos torcer, Fabio. Aliás, melhor do que torcer, vamos aprofundar um movimento guerrilheiro contrário a essa globalização desastrosa - bebendo muito vinho, os deliciosos sangioveses italianos, os fantásticos Riojas espanhóis, as inclassificáveis uvas portuguesas (trincadeira, tinta roriz, touriga nacional) ...
Avante !!!

Rubens Ghidini disse...

Acho que em determinado momento o Terroir vai falar por si só. O gosto irá subverter o poder (Nossiter). Um abraço e parabéns pelo blog!

Nivaldo Sanches disse...

Pois é, Rubens, vamos torcer para que você esteja certo - gosto dessa imagem do gosto subvertendo o poder ... Vamos acreditar - e enquanto isso, vamos beber.
Abraços, obrigado pelo elogio, volte sempre !

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