Há tempos se fala, no mundo dos vinhos, que a produção mundial caminha para uma chatíssima uniformidade.
O tal do "mercado", fortemente influenciado pelo gosto dos americanos, estaria caminhando lentamente para a produção de vinhos iguais, que pudessem satisfazer esse gosto pelos vinhos potentes e cheios de madeira.
Os mais pessimistas dizem que, no longo prazo, essa onda tenderia a acabar com os maravilhosos vinhos produzidos na Europa - cada país com suas características próprias, com suas uvas específicas, com suas técnicas centenárias.
Em algumas décadas, estaríamos todos condenados a beber os mesmos e monótonos cabernet sauvignon, merlot e chardonnay amadeirados e com forte graduação alcoólica.
Parece muito pessimista, né ?
Mas chega a dar um arrepio na espinha o que a gente está vendo na Copa do Mundo de futebol. Parece que todo mundo joga igual, não há brilho, não há destaques individuais, não há goleadas. O que importa acima de tudo é não perder. Depois, se der, a gente tenta ganhar. Meu amigo Fabio Vagner escreveu belíssimo texto sobre este tema no seu blog In the Jungle - leia aqui.
Será que o mundo do futebol, tão globalizado e mercantilizado, está antecipando algo que vai mesmo ocorrer no mundo dos vinhos ? Brrrrrrrr......
Encerro com o grande Carlos Drummond de Andrade :
"Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta muito para atingirmos um nível razoável de cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto."
quarta-feira, 16 de junho de 2010
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4 comentários:
Nivaldo, fico lisonjeado pela citação, mas não imagino para os vinhos um caminho tão tortuoso como tem percorrido o futebol. Esperemos que os paladares nobres contenham a temida revolução do país dos hamburgueres e dos copos de coca cola de 2 litros.
Eles já estão estragando o futebol com seu jeito científico de jogar.
Seria demais se o fizessem também com os vinhos.
Vamos torcer, Fabio. Aliás, melhor do que torcer, vamos aprofundar um movimento guerrilheiro contrário a essa globalização desastrosa - bebendo muito vinho, os deliciosos sangioveses italianos, os fantásticos Riojas espanhóis, as inclassificáveis uvas portuguesas (trincadeira, tinta roriz, touriga nacional) ...
Avante !!!
Acho que em determinado momento o Terroir vai falar por si só. O gosto irá subverter o poder (Nossiter). Um abraço e parabéns pelo blog!
Pois é, Rubens, vamos torcer para que você esteja certo - gosto dessa imagem do gosto subvertendo o poder ... Vamos acreditar - e enquanto isso, vamos beber.
Abraços, obrigado pelo elogio, volte sempre !
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