sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Degustação : cores, aromas, sabores - Parte 3

Vou continuar a falar sobre o processo de degustação do vinho - esse conjunto de hábitos e técnicas que muita gente ainda vê como pura frescura dos entendidos ...

Já disse antes que não se trata de frescura, mas simplesmente de extrair o maior prazer possível do ato de beber o vinho - não é como beber Coca-Cola, que são todas iguais em qualquer lugar do mundo ! Os vinhos têm cores, aromas e sabores muito ricos - desfrutar dessas qualidades faz parte do prazer de beber o vinho, eu acho.

Muito bem, sobre os aromas, já dissemos que eles podem ser de várias categorias : florais, de frutas, de vegetais, de especiarias.

Ficou no ar a pergunta - será que esses aromas existem mesmo, de verdade ? Ou eles estão presentes mais na imaginação fértil desses famosos entedidos - os enochatos, que fazem pose para beber qualquer tacinha ?

Bem, a resposta é - mais ou menos ...

Na verdade, o vinho possui alguns componentes químicos que realmente lhe acrescentam aromas que podem ser associados a outras coisas conhecidas.

Quer ver um exemplo ? Muitos vinhos brancos passam por um segundo processo de fermentação chamado de fermentação malolática - esse é o nome complicado de um processo bio-químico, que é a ação de algumas bactérias que transformam o ácido málico (presente nas uvas) em ácido lático (presente no leite e nos derivados de leite). Por isso, às vezes, um bom chardonnay pode ter um aroma que lembra manteiga - é o ácido lático. Trata-se, portanto, de um aroma real, de verdade, que existe mesmo, e não está só na cabeça do entendido.

Por outro lado, alguns aromas não podem ser associados a nenhuma característica específica do vinho - mas podem, sim, ser associados à nossa memória olfativa, que é pessoal, individual.

Por exemplo : é comum que um vinho tenha aromas frutados, principalmente se se tratar de um vinho jovem, de uma safra recente. O aroma de fruta vai ser sentido por todo mundo - mas, de qual fruta ?

Os livros sobre vinhos (como há livros sobre vinhos, atualmente !) falam em aromas de morangos, framboesas, amoras, mirtilos ...

Alguém aí já viu um mirtilo ?!?

O problema é que essas tabelas de aromas foram feitas, pela primeira vez, pelos europeus - e eles evidentemente se lembravam dos aromas das frutas lá deles ... Ninguém vai sentir aroma de jaca ou de sirigüela no seu vinho ...

Assim, não se preocupe demais se você não sentir aromas de mirtilo (?!?) no seu vinho ... Procure, antes, identificar se sente ou não sente aroma de frutas. Você pode também avançar um pouquinho mais e dizer que sente o aroma de frutas brancas (como maçãs ou pêssegos, por exemplo) ou de frutas vermelhas (como morangos e framboesas). Já é um bom começo !

Ainda vou falar mais sobre aromas, aguardem !

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