quarta-feira, 13 de julho de 2011

O sul da Bota

A região sul da Itália tem algumas características bem legais para gente como nós, que gosta de vinhos - e que gosta de experimentar vinhos diferentes.

Pra começo de conversa, há o peso da História - foi lá, no sul do país, que os gregos introduziram há mais de 2.000 anos o cultivo das vinhas. As videiras gregas se deram tão bem por lá que os gregos - sempre sábios ! - chamaram a região de Enotria, a Terra dos Vinhos.

Atualmente, a região produz bons vinhos, cada vez mais caprichados, e - já que o mercado internacional não os conhece tão bem - a preços bem mais razoáveis do que os famosos e caríssimos Brunellos da Toscana e Barolos do Piemonte.

Além disso, os vinhos da região são em geral produzidos com as cepas locais, e isso lhes dá um atrativo a mais : são vinhos diferentes, que ainda preservam muito da sua tipicidade, das suas características próprias, que fazem o encanto de alguns bebedores - entre os quais, modestamente, me incluo ...

Vou falar apenas de duas regiões, que estão produzindo vinhos que podem ser facilmente encontrados aqui no Brasil, a preços bem razoáveis (na faixa de 40 a 50 reais, a maioria deles).

Começo pela Puglia, na costa do mar Adriático, cuja capital é a cidade de Bari. Aqui se planta, entre outras, a uva Primitivo (é a mesma uva que, na Califórnia, é chamada de Zinfandel). No mercado brasileiro, a gente encontra ótimos vinhos da DOC Primitivo di Manduria : vinhos suaves, delicados, com aromas que lembram frutas em compotas ou geleias. Algumas marcas que já provei e aprovei : Masseria Trajone, Sessantanni, Trupere, Archidamo. Desses, o Sessantanni custa mais caro, mas os demais podem ser comprados por cerca de 40 reais, em média.

A outra região é a Sicília. Hoje em dia, a maior produção da ilha é da uva Nero d'Avola. Os vinhos em geral são bastante equilibrados, com a acidez e a doçura da fruta combinando-se de forma sutil. Boas marcas disponíveis no nosso mercado : Regaleali, Fatascià, Sedàra.

Esses são aqueles vinhos que a gente fala que são "fáceis de beber" - suaves, com taninos pouco agressivos. São ótimos para iniciantes, para quem está começando a dar os primeiros passos nesse nosso fascinante terreno dos vinhos - que o diga meu jovem amigo Victor, o carioca são-paulino, que adorou um Nero d'Avola Fatascià que compartilhamos na nossa recente visita ao Rio de Janeiro.

Experimentem, e depois me contem o que acharam.

5 comentários:

Evelyn Fligeri disse...

Olá Nivaldo;
Já provei o Primitivo di Manduria, da Masseria Trajone. Fico tão intrigada com ele... Aquela falta de acidez me incomoda muitíssimo! Ao mesmo tempo gosto do gostinho frutado dele!
Estou sempre na dúvida quando se fala da Primitivo!
Beijos
Evelyn

Nivaldo Sanches disse...

Evelyn, vai aqui uma sugestão : prove o Primitivo Sessantanni ... Essa ausência de acidez que você, acertada ente, acusa no Masseria Trajone fica longe dele ... E um vinho muito mais equilibrado.
Mas insisto no meu ponto : o Primitivo e um bom vinho para iniciantes !

Evelyn Fligeri disse...

Também concordo com você: A primitivo é uma boa uva para iniciantes! Vou experimentar o Sessantanni.
Beijos

MondoVinho disse...

Nivaldo, como falou em sul da bota, vou puxar um pouco a sardinha para a minha brasa: http://mondovinho.blogspot.com/2010/11/italia-os-vinhos-tops-da-campania.html
Grande abraço!

Nivaldo Sanches disse...

Ótimo, Mario, obrigado !
Pessoal, o Mario tem ótimas dicas sobre os vinhos da Campania, no sul da Itália - por sinal, terra dele ...

Eu até pensei em falar sobre o Taurasi e o Greco di Tufo, mas o post ficou muito comprido.

O Greco di Tufo é um excelente branco, e pode ser encontrado a preços bem razoáveis por aqui,

Abraços !

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