Os chefs Cláudia e Walther, vestidos a caráter |
O jantar estava ótimo - pimentões verdes recheados com ovos e queijo parmesão, acompanhados de arroz branco e fritas sequinhas e deliciosas. A harmonização prometia ser complicada : os sabores fortes e marcantes do pimentão, do ovo e do queijo - embora harmonizando-se perfeitamente entre eles - dificultavam a combinação com a bebida. Que beber ?
Bem, na dúvida, nossos anfitriões optaram por um amplo espectro de possibilidades. Bebemos quatro vinhos diferentes, e procuramos descobrir qual ou quais deles combinavam melhor. Vamos aos resultados :
Começamos discretamente, com um chileninho básico : um Carmen Sauvignon Blanc 2010. Um bom vinho, com aromas cítricos discretos. Na boca, uma acidez marcante e de novo a presença de frutas cítricas. Não combinou muito bem, não, embora o vinho estivesse legal. Os sabores fortes da comida prevaleceram e encobriram quase totalmente a bebida.
Depois, resolvemos jogar mais pesado : outro chileno, um Santa Ema Chardonnay Gran Reserva 2008. É um vinho com bastante corpo, que passa alguns meses em carvalho. Os aromas, muito intensos, lembram mel e abacaxi maduro. Este já combinou bem melhor com os sabores do jantar, equilibrando na boca a rica e marcante diversidade de sabores. A coisa começou a melhorar ...
Tentamos depois um tinto - e aqui, o Walther preparou uma surpresa pra gente : um vinho beeem diferente. Um Villa Wolf Pinot Noir 2008 - sim, um incomum pinot noir alemão, produzido na região de Pfalz. Embora a região venha melhorando bastante a qualidade geral dos seus vinhos - inclusive os feitos com a uva pinot noir, que é chamada por lá de spätburgunder - este aqui, especificamente, decepcionou. Um vinho chato, sem acidez, com aromas muito fracos e com persistência na boca igual a zero. Nem precisa falar que a harmonização falhou feio : o vinho simplesmente sumia na boca, na hora de juntar-se à comida ...
Fechamos a noite com mais um belo chileno : o Falernia Carmenère 2006, produzido no Vale de Elqui, bem ao norte do Chile. Local de vinhedos plantados em grandes altitudes, superior a 2.000 metros - e local também de grandes observatórios astronômicos. O vinho já era bonito de se ver, com sua cor vermelha brilhante e profunda. Os aromas muito intensos lembravam chocolate, e tinham também notas vegetais. Com tudo isso, o vinho surpreendeu e combinou bem com o jantar. Os sabores, embora fortes, não conflitavam em nada - pareciam, na verdade, combinar-se naquela suprema mágica que a gente gosta de chamar de harmonização ...
Resumo da ópera - os dois vinhos potentes combinaram bem. A preferência pelo chardonnay ou pelo carmenère fica por conta do gosto de cada um.
Ah, sim - fora a comida e a bebida, o que foi de novo perfeita foi a harmonização da companhia : boas risadas, bons papos e a conversa fiada seguindo até às 3 da matina ...
E ainda vimos, de canto de olho, o Uruguai despachar los hermanitos argentinos da Copa América - mal sabíamos o que nos esperava no domingo, diante do Paraguai ...
4 comentários:
Nivaldo, festa otima deixada de lado, para a harmonizacao voces deveriam ter apostado em espumante seco, de preferencia envelhecido sur lies. Um super cava....ou um bom champagne.
Nao teria erro. Abrazo, ve se aparece!
Sem dúvida, uma cava teria sido ótimo ! Afinal, quase tudo, praticamente, harmoniza bem com um bom espumante !
Obrigado pela contribuição, venha mais vezes !
Boa sugestão.
Vamos experimentar em breve e depois comentamos.
Acho que dá até para harmonizar na textura: pimentão com o recheio e colchão de borbulhas da cava, espumante ou champagne.
Pois é, Walther, a sugestão veio de um cara que conhece - ele tem uma loja de vinhos bem legal aqui em São Paulo, no Campo Belo - é a Empório Del Mundo.
Vamos experimentar um dia desses, sem dúvida !
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