segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Carne seca com abóbora - harmonização complicada ...

Meu amigo Antonio Matiello Neto, leitor do blog, me manda um e-mail com a seguinte pergunta :
"a patroa aqui em casa caprichou numa carne seca com abóbora e pediu para eu fazer o mesmo no vinho ... E agora?"
Xiii, essa é difícil ... Não tanto, é claro, pela carne seca - mas pela presença docinha da abóbora, que complica bastante a combinação com o vinho. De qualquer forma, esta foi minha resposta a ele :


"Se fosse somente a carne seca, eu não teria dúvida em ir com um tinto mais encorpado - o primeiro que me ocorre seria um tinto italiano do Piemonte, um Barolo ou um Barbaresco, que tem uma excelente acidez e que poderiam combinar com os sabores fortes da carne.

O problema é que a presença adocicada da abóbora certamente vai conflitar com esses tintos mais pesados ...

Nunca tentei, mas acho que eu arriscaria um branco encorpado. Certamente, não um que tivesse muito frescor e cítricos (nada de sauvignon blanc, torrontés) nem minerais marcantes (esqueça os Chablis ...) Que tal tentar com um chardonnay californiano ? O corpo desse vinho, a madeira muito marcante pode combinar com a carne, ao passo que a untuosidade e a fruta, típicos dessa uva, poderiam talvez combinar com a abóbora ... Outra possibilidade que me ocorre seria um Tokaj húngaro - não um Aszu, muito doce para esse prato, mas um furmint, um branco mais seco (e mais barato,também !)

É difícil imaginar um tinto que se saia bem na presença da abóbora - se tivesse que arriscar, acho que iria pensar em um tinto mais frutado, talvez um malbec argentino não reserva, com pouca passagem por carvalho, algum em que a fruta fosse mais dominante.

Enfim, é um belo desafio, desses que a gente gosta de encarar !"

Por fim, o Antonio e a esposa encararam mesmo o delicioso desafio. Este foi o comentário final dele :


"Caro Nivaldo,
para escorar minha carne seca com abóbora, acabei indo de Montes Alpha Chardonnay. Embora amadeirado, ele tem muito de mantega, que acabou se saindo bem com a carne, um tanto salgada ainda. Mas como você disse, com a abóbora tudo era uma incógnita. Minha mulher gostou. Eu também, mas demorei mais para tanto. A viscosidade da uva como que "empacotou" o doce da abóbora, numa simbiose estranha, onde o corpo pronunciado da Chardonnay e o doce da abóbora foram na mesma direção, anulando-se e levando com eles o sal acentuado da carne. Mas ainda assim, foi mais interessante que estranho.
Abs!

Matiello "
Parece que o resultado final foi positivo - mas eu, pessoalmente, fiquei bastante curioso ... Vou fazer a prova, eu mesmo, um dia desses. Depois eu conto por aqui minhas impressões.

Alguém por aí tem alguma sugestão ?

3 comentários:

Luiz disse...

Como se sairia com um rose, talvez um malbec ou pinot noir?

Nivaldo Sanches disse...

Taí, Luiz, essa sua pergunta em deixou com a pulga atrás da orelha ...
Eu não costumo apreciar muito os vinhos rosé - pode ser, é claro, um certo preconceito da minha parte, mas acho que ainda não encontrei um rosé que realmente me seduzisse ...

Mas essa sua idéia de combinar um malbec rosé - frutadinho, sem grandes complexidades - com a abóbora e a carne seca pode ser uma coisa interessante.

Vamos provar, um dia desses ??

Abraços

Felipe Silva disse...

Boa tarde! Curto e fino, uma taça equivalente a uma xícara chá de Brandy Royal MACIEIRA. O perfume e sabor garantiu a todos com um sabor único espantoso.

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