Ontem, feriado nacional, tentamos ir ao cinema no belo e caríssimo Shopping Cidade Jardim, aqui na Zona Sul de São Paulo, um dos mais recentes templos de compras da alta burguesia paulistana. Não conseguimos ir ao cinema (os ingressos já estavam esgotados) e o que nos restou foi passear pelos corredores do shopping - e nos divertirmos (ou lamentarmos) com os preços amalucados expostos nas vitrines ... Um casaquinho Chanel custava 17.000 reais, uma bolsa Montblanc custava 5.000 reais, e por aí afora.
Há uma piada que circula na cidade desde a abertura deste shopping : parece que aqui só é possível comprar alguma coisa quando se chega à Livraria da Vila, onde pelo menos os livros cabem no bolso dos pobres mortais ...
No final da noite, jantamos no
Empório Central, um misto de restaurante e empório que vende vinhos e guloseimas importados.
O jantar foi ótimo, e os preços até que razoáveis - pelo menos, quando comparados aos preços das demais lojas do shopping.
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Pato desossado com mousseline de carmenère |
Começamos com umas torradinhas cobertas com codornas e cogumelos, e partimos depois para os pratos principais. Tereza atacou valentemente um pato desossado acompanhado de uma
mousseline à base de vinho carmenère - delicioso ! Eu fui de ravioli de queijo
brie e alcachofras, sobre medalhões de filé - igualmente delicioso !
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Ravioli de brie e alcachofras sobre medalhões de filé |
Acompanhamos a comilança com um belo
Koonunga Hills Shiraz Cabernet 2008, um vinho produzido pela
Penfolds, na região do Barossa Valley, na Austrália. A Penfolds é um dos maiores produtores do país, e oferece ao mercado uma ampla variedade de vinhos de diversos preços e características. Este Koonunga Hills estava suave e redondo : a shiraz contribui com a fruta e os característicos aromas de pimenta e especiarias, e a cabernet entra com a estrutura e os taninos delicados. Combinou maravilhosamente com meus medalhões de filé, mas não tão bem com o pato da Tereza - talvez por conta do molho de carmenère com toques adocicados de figos.
Ainda encaramos sobremesas - Tereza foi de
cartola, o tradicional prato nordestino de queijos e bananas, e eu fui de chocolates belgas. Para acompanhar, uma raridade : descobrimos que o restaurante dispunha de uma excelente oferta de vinhos de sobremesa em taças : sauternes, banyuls, vin santo, tokay ...
Derrubamos uma tacinha de
Tokay Aszu 3 puttonyos Oremus 2002 (Tereza), e outra de
Banyuls M. Chapoutier 2007 (eu). Apesar de uma certa desconfiança de nossa parte (como os vinhos de sobremesa são servidos em taças, vindos de garrafas abertas, é comum que eles estejam oxidados e envelhecidos), os vinhos estavam excelentes, frescos e bem-conservados.
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Cartola e Tokay |
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Chocolate belga e Banyuls |
Foram ótimas combinações, que finalizaram um ótimo jantar - e fizeram até com que a gente esquecesse os precinhos modestos expostos nas vitrines do shopping ...
2 comentários:
Que delícia de post! Adorei o texto! Minha pergunta é: Vc gosta desse Banyuls? Comprei uma garrafa do 2008, harmonizei com chocolates, mas não curti o vinho... Não sei bem explicar o porquê, mas não gostei... Tanto que fiz um post sobre ele, mas ainda não publiquei!!
Quanto ao restaurante, adorei a dica!
Beijos
Evelyn
Pois é, Evelyn, o Banyuls não é um vinho muito fácil de beber, reconheço ... às vezes, parece que a gente está bebendo uma espécie de "vinho do Porto-álcool free" ... risos ...
Minha mulher não gosta muito. Eu também não vou dizer que seja maravilhoso - prefiro mesmo os Tokay, os Sauternes, os Vin Santo, os Passito, os Reciotto ....
Mas para acompanhar chocolates, a harmonização é muito boa. Eu achava até que era única, até que provei um Jerez Cream, no Olympe, no Rio de Janeiro, como já contei aqui no post em outro blog.
Quanto à dica do restaurante, faça o que nós fizemos - visite o shopping, dê umas boas risadas com os preços das vitrines, visite a encantadora Livraria da Vila - e depois jante no Empório Central !
BEijos
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