Muito bem - neste último feriadão, Tereza e eu visitamos de novo um hotel que havíamos conhecido anos atrás : a Fazenda Capoava, em Itu, bem pertinho de São Paulo. É um hotel charmoso, que utiliza como sede a casa-grande da velha fazenda que existe por lá desde 1750.
Chegamos lá na sexta-feira à noite, e fomos direto para o jantar - onde descobrimos que a carta de vinhos do hotel foi recentemente re-elaborada pela sommelière Sônia Denicol, e conta exclusivamente com vinhos brasileiros. Passamos quatro dias, portanto, explorando a carta e conhecendo um pouco mais alguns rótulos brasileiros não muito divulgados no nosso mercado.
E o que foi que achamos desses vinhos ? Vejam aí abaixo (e vou listá-los a partir do que achei mais fraquinho).
Começo então a falar do Angheben Pinot Noir 2010, produzido lá em Bento Gonçalves, no coração do Vale dos Vinhedos. Certamente há, por parte da Angheben, uma certa audácia em arriscar-se com uma uva tão delicada e de difícil cultivo - mas os resultados são decepcionantes. O vinho me pareceu sem personalidade, com aromas e sabores tênues demais. Este vinho não passa por madeira - outra decisão audaciosa, em se tratando de pinot noir - e isso talvez contribua para que os aromas sejam tão voláteis. Definitivamente, não nos seduziu. Ele pode ser encontrado no mercado por cerca de 40 reais.
Falo agora do Elos 2008, da Lídio Carraro, também produzido no Vale dos Vinhedos. Este vinho é um corte de cabernet sauvignon e malbec (eles fazem também um Elos com corte de tannat e touriga nacional que não cheguei a provar). Este já era um vinho mais respeitável, se posso usar o termo. Encorpado, com aroma muito frutado e bom potencial gastronômico. Só achei que os taninos estavam amargando um pouco na garganta ... Encontrei à venda na Internet por cerca de 45 reais.
A seguir, comento o Innominabile, da Villagio Grando, produzido na inesperada cidade de Herciliópolis, em Santa Catarina. O vinho é um corte de seis uvas e tem uma bossa diferente - o rótulo não declara a safra, já que cepas diferentes podem vir de safras diferentes. Este vinho foi para nós uma surpresa interessante, já que conhecemos pouquíssimo da produção de Santa Catarina. Com seis meses de barrica, ele tinha uma boa mescla de fruta e madeira, e um sabor prolongado. Preço ? Por volta de 50 reais, que me parece exagerado.
O último vinho foi a surpresa mais agradável da visita : o Vallontano Merlot 2007, também do Vale dos Vinhedos. Mesmo não sendo grandes apreciadores de merlot, Tereza e eu concluímos que este foi o vinho que mais nos agradou nesta "imersão". Aromas de flores e de frutos negros, que evoluíam para mostrar notas mais densas dadas pela madeira - tabaco, talvez. Os taninos eram bem mais macios, e o vinho agradou. E outra surpresa - é o mais baratinho dos quatro que bebemos por lá, por volta de 35 reais na net.
Será que nosso paladar ficou obscurecido por um possível preconceito quanto aos vinhos locais ? Não descarto essa hipótese, confesso - não é fácil se livrar de idéias pré-concebidas. Ainda mais em um momento como este, quando ando louco de raiva com os produtores nacionais que querem arrancar do governo uma absurda e anacrônica reserva de mercado para os seus produtos ...
6 comentários:
O Nivaldo esqueceu de comentar o momento de "pânico" ao vermos que só tinha vinho nacional. Mas como já estávamos lá, o jeito foi relaxar e beber!! Viva as novas experiências.
Tereza
Olá Tereza e Nivaldo,
Sinto muito não estar na lista de vcs alguma preciosidade da lista da vínicola Cave de Pedra.
Digo isso pq além de já ter visitado em Bento, passei o feriado em casa fazendo a mesma coisa que vcs,chamei alguns amigos e torci para fazer aquele frio e poder curtir a lareira com alguns rótulos que separei. Todos gostaram e aí vai: Cave de Pedra 2005 (Blend) a um preço de R$70,00 e o Adaga - uva egiodola a R$30,00 e o Adaga - uva marcelan a R$38,00. Ainda degustamos um Reserva da Pizatto tudo de bom!! Ou seja tem muita coisa boa e visitando a Expovinis agora em abril pude ver que o universo é muito maior e tem muita coisa boa.
Meus amigos!! Não desistam, apenas não tiveram sorte na escolha ou na carta oferecida, rs... Abs.
É verdade, pessoal, a Tereza tem razão. A gente chegou a pensar qual teria sido nossa reação se a gente soubesse ANTES de ir que só havia vinhos nacionais ... A verdade é que é difícil vencer o preconceito - e se isso vale para vinhos, imagine quando a gente está se referindo a raças, nacionalidades, sexualidades, religiões ou seja lá o que for diferente das nossas ...
Há aqui, como dizem os ingleses, "food for think", não acham ?
É verdade, Marcia, vamos vencer o preconceito e seguir provando os brasucas. Esse Casa de Pedra é um que me desperta a curiosidade, já vi muita gente falando bem dele. Quem seba será o próximo da lista ?
Beijos, "apareça" sempre por aqui !
Nivaldo, permita-me dizer que me pareceste demasiaso critico com referência aos vinhos gauchos !!! Coisa de paulista !!! \hehehehehe !!! Bueno, quanto ao Angheben, existem outros muito bons, pois esta é uma vinícola-boutique, tal e qual a do Lídio Carraro !!!
É como eu disse, Jefferson : não é fácil se libertar dos preconceitos ! Mas não tenho nada conta gaúchos, não, pode crer, tchê ... risos ...
Vou seguir provando e comentando por aqui, quem sabe mudo de opinião?
Abraços
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