quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Crônicas Lusitanas - Parte 1


Aqui estou eu, de volta das terras lusitanas, e disposto a contar, neste espaço, algumas das coisas que aprendi e bebi por lá ...

Rodamos três semanas por Portugal - foram mais de 2.000 km percorridos, passando por praticamente todo o país. Acho que só não estivemos no Algarve, bem no sul.

E começo estas crônicas falando logo de uma das coisas que mais me impressionou por lá, no terreno dos vinhos - os maravilhosos vinhos do Porto ... Por mais que já os conhecesse e fosse fã desde muitos e muitos anos, não há nada que se compare a provar os tais vinhos em Portugal, seja pela qualidade, seja pela imensa variedade disponível, seja ainda - não menos importante ! - por conta do preço que se paga por lá, muitíssimo mais barato do que a gente está acostumado ...

Pois dou partida a esta primeira crônica lusitana informando que, como todo bom turista, estive em Belém, na foz do rio Tejo, visitando os obrigatórios monumentos históricos de lá : a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerônimos (esplêndido!), o Monumento aos Descobridores ...

Ah, os pastéis de Belém !
Ainda cumprindo o papel de turista clássico, demos uma paradinha para provar os famosos pastéis de Belém, aquele doce tão português, crocante por fora e cremoso por dentro, feito à base de gemas de ovos e creme de leite.

Mas não somos apenas turistas clássicos - somos turistas ávidos por vivenciar novas experiências em matéria de vinhos, é claro ...

Vai daí que decidimos provar os pastéis com vinho do Porto. E ai surge a Primeira Grande Dúvida - qual vinho do Porto ? São tantos tipos, marcas, variedades, praticamente todas disponíveis em taças nos cardápios dos bares, cafés e restaurantes ... Ah, que angústia !

Como estávamos em três (Ester, Tereza e eu) optamos por pedir três tacinhas de três vinhos do Porto diferentes entre si, com dois objetivos em mente : 1 - entender melhor as diferenças ente os diversos Porto e 2 - descobrir qual deles harmonizaria melhor com o doce delicioso à nossa frente.

Pedimos então um Dona Antonia Reserva, um Quinta do Porto 10 Anos e um Duque de Bragança 20 anos - todos produzidos pela tradicional Casa Ferreira. Queríamos provar e comparar, in loco, as diferenças entre os vinhos da mesma casa.

Por ora, basta dizer que nenhum dos três era ruim, mas havia uma enorme diferença do Reserva para o 10 Anos (em termos de cor, aromas e sabores), e uma diferença bem mais sutil do 10 Anos para o 20 Anos.

O Reserva traz ao nariz aromas ainda bastante frutados, lembrando frutas bem maduras, cerejas ou amoras, mas também frutas secas. Sua coloração é de vinho tinto, límpido e brilhante, com marcados reflexos violeta.

O 10 Anos e o 20 Anos, que passam boa parte desses anos em carvalho, já não trazem tanta fruta madura - predominam aqui os aromas de frutas secas e um toque de especiarias. Sua cor é bem mais clara, transparente, e tende para o caramelo.

Estes últimos combinaram maravilhosamente com os pasteizinhos, de tal forma que fomos obrigados a pedir mais uma rodada ...







A propósito, ainda dentro destas Crônicas Lusitanas, mas num outro dia, escreverei um pouco sobre os diferentes tipos de vinho de Porto - coisas que aprendi por lá ... Não percam !

6 comentários:

Anônimo disse...

Fala Nivaldo, com certeza Portugal será minha próxima parada, juntamente com Turquia. Só que pretendo ir no calorzão europeu, o que atrapalha um pouco a degustação de vinho. Minha única experiência em terras lusitinas aconteceu em 1999, porém foi só uma pernoite, pois meu parei em Lisboa para trocar de voo. Fois possível ver os monumentos que você citou e comer os pastéis. E o humor dos garçons, continua o mesmo lá nas pastelarias?

Muito legal saber que a viagem foi muito boa.

Saludos

Sandro

Nivaldo Sanches disse...

Grande Sandro, bom "ver" você de novo por aqui !

Pois vá mesmo, Portugal vale a visita, sem dúvida nenhuma ! Quanto a ir no verão, tudo bem - há também bons vinhos brancos por lá. Não tão bons quanto os tintos, mas sede você não há de passar, garanto !

Quanto ao humor dos garçons, vou confessar uma coisa - um monte de amigos nossos (inclusive portugueses) havia nos prevenido para o fato de que o jeitão dos portugueses às vezes pode parecer meio ríspido, meio mal-educado. A gente foi meio prevenido - e nos surpreendemos !

Todos os prestadores de serviço - garçons, taxistas, pessoal de hotel - foram SEMPRE muito simpáticos, muito gentis e atenciosos com a gente. Fomos muitíssimo bem tratados - o que, mais uma vez, mostra o quanto valem os tais dos preconceitos que a gente carrega pra cá e pra lá ...

Grande abraço !

Anônimo disse...

Isto é verdade. Várias amigos meus, por exemplo, foram para Buenos Aires e odiaram, ou porque foram enganados, ou porque foram grossos com eles. Eu, por exemplo, fui muito bem tratado lá e adorei. Já na pastelaria de Belém, a fama dos garçons foi verdadeira comigo, porém em 1999. Agora, com a crise, creio que eles estão revendo os conceitos de atendimento, risos.

Abraço,
Sandro

Nivaldo Sanches disse...

Olha, Sandro, seja por uma razão ou por outra, a verdade é que gente ficou muito bem impressionado com a gentileza e com a eficiência dos lusitanos ... Gostamos muito ! Na cidade de Peso da Régua, por exemplo, no vale do Douro, visitamos o Museu do Porto. O rapaz que recebia os turistas não só nos atendeu muitíssimo bem coo extrapolou : enquanto a gente visitava o museu, ele ficou mexendo na Internet e, na hora que saímos, ele tinha nas mãos uma relação de vinícolas que podíamos visitar, sugestões de restaurantes, etc. - coisas que estavam muito além do que seria o seu trabalho. Temos dezenas de exemplos desse tipo !

Abraços

Evelyn disse...

Finalmente me sentei para ler seus posts com calma. Começo aqui a minha jornada na leitura dos posts lusitanos! E confesso que já comecei gostando! Adoro Porto Ferreira!
Beijo

Nivaldo Sanches disse...

Pois seja muitíssimo bem-vinda, Evelyn !! Vai ser uma delícia acompanhar seus comentários por aqui !

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