A ideia do preconceito deve ser sempre combatida, é claro ... Por outro lado, negar que os preconceitos existam é, em geral, meio mentiroso ... Afinal, a gente é criado e educado em uma sociedade preconceituosa - e eu tenho que admitir que geralmente desconfio de gente que diz que não tem nenhum preconceito (será que isto é um preconceito meu ?)
O legal, creio eu, não é não ter preconceito - mas sim não permitir que o preconceito interfira no seu julgamento, certo ? Identificar o preconceito quando ele aparece, lá no cantinho da mente, e mandar ele pra escanteio sem maiores cuidados.
O mundo dos vinhos não é diferente do resto do mundo (que surpresa, né ?). Eu também convivo mal e porcamente com meus preconceitos nesta área. Um dele é contra a coitadinha da uva carmenère.
Todo mundo conhece a história da carmenère, de como ela foi re-descoberta no Chile depois de estar praticamente extinta na França - se você não conhece, leia este post onde eu escrevi sobre o assunto, tempos atrás.
Pois eu não vou muito com a cara dela ... Os vinhos que provei sempre me pareceram pouco potentes, suaves demais, macios demais, frutadinhos demais pro meu gosto ... Taí, criei um preconceito próprio : eu não gosto de vinho de carmenère !
Por sorte, ou por experiência de vida, aprendi a não me deixar levar pelos meus próprios preconceitos. Vai daí que ganhei de presente, dia desses,dos meus queridos Patrícia e Ricardo, uma garrafa de Pérez Cruz Carmenère Limited Edition 2010, produzido lá no Valle del Maipo, a uns 60 km de Santiago. A Pérez Cruz é uma vinícola relativamente nova, dos anos 90, que tem uma arquitetura muito bonita, pelo que vi em fotos na Internet.
Sabe duma ? Achamos o vinho excelente ! Ele é feito com base na carmenère (mais de 90%) com apenas um pouquinho de syrah e de petit verdot misturado. Embora preservando as característica básicas da uva (suave aroma de frutas vermelhas com toques vegetais), este era um vinho com muita personalidade, com notas mentoladas e de especiarias, que enchia a boca e escorregava pela garganta com muita elegância - e deixava seu sabor flutuando por um tempão ...
Em suma - gostamos bastante, e já nos sentimos mais do que dispostos a varrer também esse preconceito : que venham os bons carmenère !!
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
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