segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Uma crônica quase lusitana ...

Faço aqui uma breve interrupção em minhas "crônicas lusitanas" - onde estou comentando o que vi / comi / bebi durante minhas andanças por Portugal - para fazer este post "quase" lusitano.

Sim, quase lusitano, pois, embora o fato que vou descrever tenha ocorrido aqui em São Paulo, na minha casa, sábado à noite, ele envolveu bacalhau e vinho verde - ou seja, mantenho ainda um pé firme nas terras portuguesas !

Fato este : Tereza decidiu fazer um bacalhau diferentão, inspirada nada mais nada menos do que no site de receitas do grande chef Claude Troisgros (pois é, ela está ficando ousada ...)

Tratava-se de um bacalhau servido com um molho de lentilhas e legumes, e aggiornato com uma farofinha de frutas secas. Se você quer ver a receita completa do chef Troisgros, clique aqui.

Bacalhau com lentilhas e farofa de frutas secas
Acontece que o prato executado pela Tereza ficou simplesmente sensacional ! O bacalhau, suave e tenríssimo, se desmanchava ao toque do garfo e se misturava, gentilmente, com as lentilhas, cenouras, aipos e cebolas do molho delicioso. A farofa de frutas secas (com castanhas, damascos e figos) acrescentava ao prato uma crocância e um toque muito levemente adocicado - em suma, maravilhoso !

A farofinha de frutas secas, em preparo
E o que beber com tal preciosidade ? Bem arriscamos duas garrafinhas. A primeira opção, mais simples, foi um honesto Cousiño Macul Don Luis Sauvignon Blanc 2011, um vinho do qual gosto bastante para o dia-a-dia (especialmente nestes quentíssimos dia-a-dias do verão paulistano). A combinação não foi lá essas coisas : talvez o excesso de acidez da sauvignon blanc (que combina tão bem com frutos do mar) tenha conflitado um pouco com o toque agridoce do prato.

Depois, partimos para uma opção um pouquinho mais sofisticada (mas nem por isso mais cara ) : o já mencionado vinho verde português, um Muralhas de Monção. O Muralhas é feito lá no norte de Portugal, com as uvas alvarinho (predominante) e trajadura (em menor quantidade). É um vinho que se equilibra bem entre o ácido (e o "rascante" característico do vinho verde) e o macio, dado pela alvarinho. A combinação ficou melhor - mas acho que ainda não encontramos aquela harmonização que irá nos encantar, na mesma medida em que o prato nos encantou.

Há que fazer novas experiências ...

No seu site, o Claude Troisgros sugere um puro alvarinho ... Pode ser, pode ser ... Pensei em tentar, da próxima vez, um chardonnay que não seja muito amadeirado, ou - quem sabe ? - um torrontés, porque não ?

Que vocês acham ?

6 comentários:

Evelyn Fligeri disse...

Eu assiti ao programa do Claude e adorei a receita, tanto que fiz a farofa no Natal. Mas a minha ficou meio estranha... Não ficou crocante conforme vc descreveu! Vou tentar novamente!
Quanto ao bacalhau, fizemos do modo que sempre fazemos, já que aqui a lentilha é odiada... rsrsrsrsrs
Minha sugestão seria de harmonizar com o Conde de Valdemar! Até hoje essa foi a harmonização que mais gostei com bacalhau...
Grande beijo!!
E fala pra Tereza que minhas lombrigas ficaram muito agitadas... kkkkkk

Nivaldo Sanches disse...

Evelyn, a tal farofa foi feita com aquela farinha panko, que a gente encontra entre os produtos japoneses, não sei isso pode ter feito a diferença - mas que ficou crocante, ficou !

Quando se trata de bacalhau mais tradicional - com muito alho e azeite, batatas, cebolas, etc. - eu gosto mesmo é de um bom Alentejo, como o Herdade de Esporão ...

Mas este aqui, com esse toque meio doce, me parece um pouco mais desafiador !

Quanto às lombrigas - isso é que é legal : a gente fica bulindo mutuamente com as lombrigas uns dos outros .. risos ...

Beijos!

Anônimo disse...

Nivaldo, tô achando que você tá com ondinha com este negócio de não ter tido harmonia. Pra mim é tudo de desculpa só para beber mais garrafas, hahahahahahahaha.

Brincadeiras à parte, cara, fico fascinado com a ousadia e a criatividade culinária que você e a Teresa têm. Sempre abertos a novas experiências. E também, sem medo de ser feliz - olha a receita e tenta fazer. A Thaís, minha esposa, tem isto também, não tem medo de errar. Vocês forma um casal brilhante...

Sandro

Nivaldo Sanches disse...

Xiii, você pegou a gente no pulo, Sandro, é isso mesmo ...risos ... a gente tá sempre atrás de pretextos para abrir uma segunda garrafa ...

Obrigado pelos elogios, cara ! A gente brinca que a gente vive atrás da BIP - a Busca Incansável do Prazer, seja para arriscar na culinária caseira, seja para coisas como sair daqui do Brooklin e ir até a Vila Medeiros para comer comida nordestina (no Mocotó), ou até o Tatuapé para comer bacalhau (O Bacalhoeiro) ...

Enfim, tem sido muito divertido, nesses últimos 22 anos que a gente está casado !

Grande abraço pra você e pra Thaís !

Anônimo disse...

E fiquei sabendo que agora você está se interessando por comida indiana, é verdade?? risos

Sandro

Nivaldo Sanches disse...

É isso mesmo, Sandro ! Virei o maior fã !!! As notícias correm, né ?

Abraços !

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