E aqui estou eu, de volta, após alguns anos
de pura preguiça ! Incentivado – ou, mais precisamente, “comandado” – por minha
mulher, Tereza, estou reativando meu velho blog, que já me deu vários prazeres e
algumas pequenas contrariedades …
E volto bastante mudado – felizmente, acho
que estou conseguindo vencer, um a um, meus velhos preconceitos. Um destes
preconceitos – conhecido por quem costumava ler este blog – sempre foi muito
ativo e presente contra os vinhos tintos brasileiros. Sempre achei que a gente
produz, no Brasil, excelentes espumantes, alguns brancos muito bons – e tintos
sofríveis !
Pois saibam vocês que o que me motivou a
retomar este blog foi exatamente a qualidade de alguns vinhos tintos
brasileiros que andei provando por aí afora.
Tereza e eu continuamos viajando intensamente,
dando andamento a nossa velha “missão”, a BIP – a Busca Incansável do Prazer.
Neste final de ano, a BIP nos levou a Tijucas do Sul, no Paraná, a cerca de 40
km de Curitiba. Lá estivemos em um simpático hotel chamado, ainda mais
simpaticamente, La Dolce Vita.
Lá pertinho, tivemos a chance – um tanto
desconfiados – de visitar a Vinícola Araucária, na cidade de São José dos
Pinhais. Pois é, estão produzindo vinhos tintos e brancos no Paraná, bem acima
do famoso paralelo 30º, longe, portanto, das manjadas regiões vinícolas do
extremo Sul do país.
Com uvas francesas e italianas plantadas em
apenas 3 hectares (de solo argiloso e cheio de pedras), a Vinícola é bem nova :
iniciou sua produção em 2008. Fomos guiados, na nossa visita, pelo sommelier
Fábio, simpático, entusiasmado e profundamente interessado no seu trabalho. Ele
nos conduziu em um passeio pelos vinhedos, onde pudemos ver – ainda nascentes –
os belos cachos de chardonnay, de pinot noir, de viognier …
E provamos os vinhos, obviamente !
O espumante Poty, produzido pelo método
champenoise, nas versões Brut, Demi-Sec e Nature não chegou a nos empolgar
muito.
Partimos então para os tintos, que consideramos
sempre como o grande desafio – e nossa surpresa foi grande e muito, muito positiva.
Provamos o vinho de entrada da Vinícola – o
Gralha Azul Cabernet Franc 2014, que nos agradou muito – até pela ousadia de
produzir um varietal meio “raro” por estas bandas. Com breve passagem por
madeira, o vinho se mostrou complexo, com aromas de frutas vermelhas e negras
amadurecidas, e nuances de couro e especiarias. Na boca, um vinho equilibrado,
com taninos macios.
Depois, entornamos um belo Angustifólia
Cabernet Sauvignon 2010, com estágio de 18 meses em barricas novas de carvalho
francês. Este vinho, bem mais estruturado que o primeiro, mostrava aromas
complexos, uma boa acidez, e um final prolongado e marcante – e terminamos
nossa experiência com o mesmo vinho, da safra de 2009, considerada
especialíssima pelo nosso guia Fábio.Belo vinho, com as boas características do primeiro ainda mais acentuadas.
Enfim, uma grata e surpreendente
experiência, capaz de derrubar até mesmo meus mais empedernidos preconceitos …
A Vinícola Araucária ainda produz vinhos de
merlot e chardonnay – não provamos por lá, mas trouxemos algumas garrafinhas
pra casa … Ah ! – e eles têm também um belo restaurante, o Gralha Azul, onde
fizemos uma ótima refeição – evidentemente, harmonizada com os vinhos da casa …
Parabéns ao pessoal da Araucária !
Vista do restaurante, a partir do vinhedo |
Sala de degustação da Vinícola |
27 comentários:
Parabéns pela retomada Nivaldo. Tomara que venham bons frutos e, com certeza, bons vinhos.
Silvia
Obrigado, Silvia !!! Que venham os bons vinhos, sempre compartilhados com os bons amigos !!!
Eu tenho curiosidade pelos vinhos nordestinos e até is do Centro-Oeste. Você já experimentou algum Nivaldo?
Sandro Delgado
Fiquei muito contente com a retomada , já que passaremos a ter uma boa referência e reputação sobre o tema.
Parabéns Nivaldo
Excelente texto, mas deixou agua na boca no sentido de querer conhecer estes vinhos tintos tão elogiados por você! Alguma dica de onde é possível comprá-los?
Nivaldo : que vinho tinto eleges dos que tomaste em 2016 ?
Obrigado pelo apoio, Boavida !! Quanto ao melhor vinho de 2016 ... bem ... tive que pesquisar nos meus alfarrábios ...
E sou obrigado a admitir que não consegui eleger UM vinho p vou listar aqui os TRÊS melhores do ano :
- um Chablis Domaine Séguinot-Bordet 2014, que trouxemos lá de Chablis ...
- um Bourgogne Beaune-Grèves Premiére Cru Château de Meursault 2009 - também trazido de lá, já que aqui é caríssimo ...
- e um português (só pra lhe agradar ....), o alentejano Antonio Maria 2011, do Francisco Nunes Garcia - que logo estará à venda por aqui, em uma lojinha de deve abrir em breve na região da Barra Funda ...
Abraços !!
Rosangela, boa pergunta ! Faltou essa informação no meu texto, é claro ! Vamos lá :
Segundo o site da Vinícola Araucária, você pode comprar esses vinhos pela Internet, neste endereço : http://vinicolaaraucaria.com.br/shop/
Para comprar fisicamente, eles fornecem uma lista de locais neste site aqui : http://www.vinicolaaraucaria.com.br/index.php?pag=onde_encontrar
mas são TODOS no próprio Paraná ... Não sei onde você está, mas posso garantir que aqui em São Paulo, onde eu estou, é difícil encontrá-los ...
Abraços, e obrigado pela mensagem !
Fala, Sandro ! Bom "falar" com você de novo - inda mais agora que é um sujeito sério e cônscio de suas novas responsabilidades paternas .... Parabéns, de novo !
Bem, já tomei alguns vinhos produzidos no Vale do São Francisco, como os da linha Terra Nova - confesso que não me impressionaram muito, não ...
Mas - já que estamos derrubando preconceitos - vou voltar a prová-los, e prometo compartilhar aqui minhas impressões.
Grande abraço !
Boa Nivaldo vou seguir você nesta sua expertise relacionada a bons vinhos. Parabéns pelo retorno e sucesso. Juan
Valeu, meu querido amigo Juan , muito obrigado !!!! Espero que não apenas me siga como também que nos dê suas contribuições como especialista nos vinhos uruguaios, ainda tão pouco conhecidos por aqui !
Grande abraço !
A Rosangela é sua madrinha..... obrigada pelas dicas!!! Vou tentar comprar pelo site pois estou bem longe do Paraná...
Oi, Rosangela Madrinha !!! Não tinha certeza se era você ... *risos* ...
Beijos, querida !!
Olá Nivaldo e Teresa, estava com saudades! Que bom que voltou a compartilhar suas experiências, ainda mais retomando com umais vinho brasileiro, como já sabe a Viviane adoro os vinhos "suaves" e preciso sempre do seu auxílio rsrsrsrs. Abraços Fernando
Oba! O bom filho à casa torna. Estava sentindo falta das suas dicas,sempre boas.
Assim que tiver chance, vou experimentar. Vai que eu também goste! Em março nos veremos?
Olá, Fernando, obrigado pelos comentários !!! Pode contar comigo sempre que achar que eu posso ajudar !
Abraços
Querida professora Janete, sempre gentil !! Muito obrigado pelos seus comentários !
Abraços !
Caros Nivaldo e Tereza
Primeiramente parabéns a Tereza por tirar o Nivaldo da preguiça como ele mesmo disse, e trazê-lo de volta ao que mais gosta de fazer. Para nós é um prazer poder compartilhar e aprender.
Vou levar a ideia aos amigos da confraria de ir onde vocês foram. Deve ser um otimo passeio.
Grande abraço e bem vindo.
Vilalta
Valeu, meu querido amigo Vilalta !! Muito obrigado !
Se decidirem mesmo ir ao Paraná, podem contar com a gente para dicas, palpites e sugestões !
Abração !
Opa!!! Parabéns pela retomada!!!
Valeu, Leo, obrigado !!!!
Rapaz, que massa!
Como boa nordestina, acho ótimo derrubar preconceitos.
Com vinho, então, ein?
Todo mundo sai ganhando e certamente o custo x benefício é muito bom, para quem não tem acesso a viagens para o Exterior.
Espero que vocês voltem a experimentar nossos vinhos tropicais - Petrolina (PE) está se sobressaindo e se aprimorando na produção de variedades de uvas e vinhos.
Desejo muito sucesso ao casal nesta empreitada de viagens e sabores!
Olá, Luciana, obrigadíssimo pelo comentário e pelas palavras de apoio !!!
Sim, vamos seguir derrubando nossos preconceitos em TODAS as áreas - é sempre importante, né ?
Quanto ao custo x benefício dos vinhos brasileiros : nosso maior problema é que nos países produtores de vinhos (Europa, Argentina, Chile) em geral há isenções e outros incentivos fiscais, exatamente para que o pessoal possa produzir e exportar seus vinhos. No Brasil, não há esse favorecimento fiscal aos produtores, de forma que é comum a gente encontrar vinhos argentinos ou chilenos, por exemplo, mais baratos que os brazucas ...
Esses do Paraná estão com preços bem razoáveis - ao redor de 60/80 reais, dependendo do rótulo.
Abraços, "apareça" mais vezes por aqui !
Olá Nivaldo, fico feliz que você tenha reativado o blog. Ultimamente não tenho consumido tanto vinho quanto gostaria, mas gosto das suas opiniões. Parabéns!
Obrigado pelo apoio, Carmo !!! e, por favor, volte a consumir tanto vinho quanto você gostaria, please ... life is too short ...
Aeeeee!!!
Adorei o post e, mais ainda, seu retorno!
Parabéns!!
Olá, minha amiga Evelyn, muito obrigado pelo apoio de sempre !!
Sim, estou de volta - e por falar nisso, e o nosso blog Taças e Rolhas, quando retorna ?!?
Beijos
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