sexta-feira, 24 de março de 2017

Velho Mundo X Novo Mundo - a classificação dos vinhos

Há, no mundo dos vinhos, um conceito bem manjado – quando a gente está falando de vinhos do Velho Mundo (França, Espanha, Portugal, Itália, etc.), o que vale conhecer é o tipo de vinho (Chianti, Barolo, Primitivo…) ou a região produtora (Borgonha, Rioja, Alentejo …)

Já quando a gente está falando dos vinhos do Novo Mundo (Chile, Argentina, África do Sul, Nova Zelândia, Austrália, etc.), o que conta é a uva declarada no rótulo (cabernet sauvignon, chardonnay, malbec, etc.)

O pessoal de Bordeaux, por exemplo, nem pensa em registrar nos seus rótulos que seus vinhos são feitos com cabernet sauvignon, merlot e otras cositas más. Da mesma forma, o pessoal do Douro, jamais registra nos seus rótulos aqueles nomes curiosos das uvas que eles usam por lá : touriga nacional, tinto cão, tinta roriz.

Porque será que é assim ?

Bem, há, de cara, uma explicação histórica para isso. Os vinhos da Europa, em geral, são produzidos por lá há séculos - e  ficaram mundialmente conhecidos exatamente por suas denominações originais. São os Bordeaux e os Borgonhas, os Douros e os Alentejos, os Chiantis e os Barolos, os Riojas e os Ribera del Duero

Para produzir essas maravilhas, cada família de produtores tinha, há gerações e gerações, a sua própria formula mágica – uma base de cabernet sauvignon, um tanto de merlot, um nadinha de petit verdot – e o Bordeaux estava pronto !

Quando começaram as migrações europeias em direção ao chamado Novo Mundo, os agricultores que migravam tratavam de levar suas mudazinhas de videiras, para produzir seus vinhos nas novas terras. Eles podiam levar as videiras – mas não podiam levar na bagagem o conjunto do terroir e das centenárias tradições vinícolas de suas regiões natais …

Eles se viraram como puderam. Nem todas as uvas europeias se davam bem nas terras do Novo Mundo – e isso dificultava a produção dos vinhos como eles estavam acostumados. Eles trataram de plantar as cepas que realmente vingavam nas novas terras – e faziam seus vinhos com o que era possível.

Daí, o surgimento, no Novo Mundo, dos chamados vinhos varietais – aqueles feitos com apenas UMA variedade de uvas : merlot, cabernet sauvignon, chardonnay, malbec, sauvignon blanc …

Mas há também uma outra razão, de origem mais – digamos – marqueteira. Quando os caras trataram de vender seus vinhos no mercado internacional, eles não dispunham de “nomes fortes” como Chianti, Rioja, Borgonha para ostentar nos seus rótulos. Vamos e venhamos – se eles tratassem de colocar no rótulo, em destaque, nomes como Mendoza, Maipo, Stellenbosch e outros do tipo, ninguém ia comprar aquelas coisas esquisitas …

A saída, claro, foi imprimir, em grandiosas letras douradas, “MERLOT” , “MALBEC”, “CHARDONNAY”, ou fosse lá o que fosse que eles estivessem usando …


Com o tempo, essa passou a ser uma especie de marca registrada – os vinhos do Novo Mundo são, até hoje, principalmente identificados como varietais, ao passo que os vinhos do Velho Mundo são principalmente identificados pelos seus nomes – ou regiões – tradicionais.

É isso aí !

5 comentários:

Leno F. Silva disse...

Oi, Nivaldo. Grato pelas informações e pelo aprendizado proporcionado. Abraços,

Nivaldo Sanches disse...

Sempre um prazer "encontrá-lo" por aqui, Leno !!!

Leo Togashi disse...

Olá, Nivaldo, redescobri seu blog quando precisei aumentar meu conhecimento sobre esta bebida maravilhosa que são os vinhos. Fui lendo vários posts, mas achei este aqui bem legal pra comentar. Um abraço, Leo Togashi

Leo Togashi disse...

Olá Nivaldo. Redescobri seu blog quando estava procurando aumentar meus ocnhecimentos sobre esta bebida maravilhosa que são os vinhos. Gostei deste para comentar. Um abraço, LEO TOGASHI

Nivaldo Sanches disse...

Que bom "vê-lo" por aqui, meu amigo Leo !!!

Fico muito feliz que você tenha gostado do post. É um assunto sobre o qual sempre pairam dúvidas, né ?

Venha mais vezes !

Grande abraço

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