Pois é, esse negócio de “supertoscano”
parece coisa de história em quadrinhos (ou filme) de super-heróis, né ?
Você talvez já tenha ouvido, aqui e ali,
esse termo – os tais vinhos chamados de “supertoscanos” … Que significa isso ?
Bem, o que acontece é que nos anos 60 a
Itália decidiu criar classificações formais para seus vinhos – as
classificações top foram (e são até hoje) as DOC (Denominazione de Origine
Controllata) e as DOCG (Denominazione de Origine Controllata e Garantita). São
assim classificados, por exemplo, os Barolo, os Brunello di Montalcino, os
Chianti Classico …
Pela lei, os vinhos que podem utilizar
essas classificações devem utilizar apenas uvas italianas autóctones
(originárias da própria Itália), como a sangiovese, a nebbiolo, a trebbiano,
etc.
Mas alguns italianos são meio turrões, a
gente sabe como é …
Pois foi graças a um ou dois desses italianos
turrões que a gente hoje pode falar sobre (e principalmente beber !) os tais supertoscanos.
Benditos turrões !!
No final dos anos 60, o Marquês della
Rocchetta resolveu produzir um vinho, bem no coração da Toscana, apenas com
uvas francesas – ele usou cabernet sauvignon e cabernet franc. Deu ao vinho o
nome de Sassicaia.
Outro italiano turrão, o marquês Piero
Antinori, decidiu então seguir o exemplo do seu patrício. Ele mudou o Chianti
que sua família produzia a séculos, também na Toscana. Ao invés de usar apenas
a clássica uva sangiovese, o Antinori começou a mesclar seu vinho com cabernet
sauvignon e cabernet franc – e criou o vinho chamado de Tignanello.
Como o Sassicaia e o Tignanello usavam uvas
não-italianas, eles não puderam ser classificados no topo da pirâmide, como DOC
ou DOCG. Tiveram que se contentar com a classificação mais baixa da lei, na
época – a simples vino de tavola (vinho de mesa).
A coisa começou a ficar realmente séria nos
anos 90, quando Robert Parker (o mais famoso crítico mundial de vinhos) deu ao
Sassicaia, em uma degustação às cegas, a nota máxima atingível : 100 pontos.
E agora ? A Itália passava a ter um vinho
considerado de ótima qualidade, cobrava por esse vinho um preço compatível com
essa qualidade (ou seja, caríssimo) – e o vinho não era considerado top nas
classificações oficiais …
Em outros países do mundo, isso talvez
fosse considerado um problemão. Na Itália, não foi assim, é claro … Os dois
vinhos deram origem a um sem número de novos rótulos (Guada Al Tasso, Ser
Giovetto, Solaia, Ornellaia, e um imenso etc.). Os americanos começaram a chamar
esses vinhos de … adivinhe ! Sim, sim, são os supertoscanos !
São vinhos excelentes e caros, e continuam
não sendo classificados como DOC nem DOCG. A maioria deles, hoje em dia, é
classificada como IGT (Indicazione Geografica Tipica), uma categoria
apenas intermediária.
Mas eles nem ligam !!
E nós, humildes
bebedores, ligamos menos ainda …
2 comentários:
Só vinhos TOP....Sassicaia, Tignanello, Ornellaia....realmente uma evolucao dos vinhos italianos...modernidade a velha Italia...infelizmente preços exorbitantes no Brasil para esse tipo de vinho...aqui no Panama, ainda podemos degustar alguns exemplares sem termos a sensaçao de estarmos sendo roubados.
É verdade, Carlos Elias - aqui no Brasil, esses vinhos têm mesmo preços absolutamente proibitivos ... Aproveite para entorná-los aí no Panamá !
Existem alguns outros vinhos, que foram apelidados de "supertoscaninhos", que repetem a mesma fórmula de mesclar as uvas italianas com uvas francesas. São vinhos bons (sem chegar a ser excelentes, como esses que você e eu citamos) e que têm preços mais, digamos, "potáveis" ... Farei em breve um post sobre esses vinhos.
Abraços !
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