Tereza e eu fomos convidados para
participar da Confraria Credvinho – um grupo que se reúne mensalmente, há cerca
de 14 anos, para degustar vinhos e jogar conversa fora.
Participar dessa Confraria é, para nós, uma grande honra – ela foi fundada pelo
Credídio Rosa, um grande conhecedor de vinhos, e figura sempre presente no
mundo dos vinhos brasileiros. Não há produtor no Rio Grande do Sul que não
reconheça seu nome, lembrado constantemente como um grande incentivador do
produto brazuca.
O Credídio, infelizmente, faleceu em 2014,
mas o grupo montado por ele mantém suas reuniões habituais – e hoje, a tarefa
de manter o grupo unido e de organizar as reuniões mensais fica por conta da
Vera, incansável e dedicadíssima em suas
árduas tarefas …
Em nossa reunião de agosto, o tema escolhido
foram as uvas autóctones – nomezinho complicado para designar as uvas que são
produzidas quase exclusivamente em um único país, em contraposição às chamadas uvas
internacionais – as manjadas cabernet sauvignon, merlot, chardonnay …
Começamos recepcionando os confrades e “confreiras”
com um Simcic Marjan Rebula 2014, um vinho branco da Eslovênia, produzido com a
uva rebula. A rebula ocupa hoje 26 % da área total de vinhedos da Eslovênia, e
é plantada principalmente numa pequena região na fronteira com a Itália,
conhecida como Colinas de Goritzia. Na Itália, a uva é chamada de ribolla gialla.
Um belíssimo vinho, de pungentes aromas de
frutas cítricas e de maçã verde, com toques minerais.
Para a degustação propriamente dita, demos
início aos trabalhos com um Nótios 2013, vinho tinto grego, produzido na região
de Nemea, no Peloponeso, com a uva agiorgitiko. Um vinho jovem, sem madeira,
que não nos impressionou muito – foi o ultimo colocado entre os quatro degustados
…
A seguir atacamos um Modello Rosso delle
Venezie IGT 2013, um italiano do Veneto, produzido pela vinícola Masi, com duas
uvinhas bem peculiares. Uma dela é a refosco dal pedunculo rosso (adoro esse
nome !), uva tão histórica que foi mencionada pelo escritor romando Plínio, o
Velho, lá por volta do século I. A outra uva é a raboso, que significa “raivosa”
no dialeto veneto, já que se trata de uma uva bastante tânica e de grande
acidez.
O vinho me pareceu fresco e frutado, com
taninos suaves e delicado. Creio que deve harmonizar bem com massas leves e com
risotos. Ficou em terceiro lugar, na opinião da Confraria.
O terceiro vinho foi um Mastro Rosso IGT
2014, um italiano da Campania, produzido com a grande uva local que é a
aglianico – ela é considerada uma das três mais importantes da Itália, ao lado
da sangiovese da Toscana e da nebbiolo do Piemonte. Vinho potente e intenso,
com aromas de frutas vermelhas e de especiarias. Era o meu preferido, mas a
Confraria concedeu-lhe um honrosíssimo segundo lugar.
Para fechar, o vinho que ganhou a taça de
melhor da noite – um Kadette Cape Blend 2012, sul-africano da região de
Stellenbosch, produzido com uma mescla de pinotage, cabernet sauvignon, merlot
e cabernet franc. Os sul-africanos dão o nome de Cape Blend a essa bela
mistura, já que é o corte tradicional dos vinhos produzidos ao redor de Cape
Town, a deslumbrante Cidade do Cabo.
Com seus doze meses de carvalho, o Kadette,
da vinícola Kanonkop, tem aromas de framboesas e de groselhas maduras, com
notas de café. Na boca, lembra chocolate negro, e tem um final seco, elegante e
beeeeeeem prolongado …
Em resumo – foi uma delícia conviver com
os novos amigos e bebericar esses vinhos pouco conhecidos.
Já estamos nos preparando ansiosamente para
a reunião de setembro !
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