terça-feira, 4 de maio de 2010

Como harmonizar vinhos com a sobremesa

Acho que você se lembra dos velhos vinhos licorosos de São Roque, que a gente bebia em casa quando adolescente ...

Bem, eles existem ainda hoje - e são bons !

Claro, não estou falando exatamente daquelas zurrapas meladas que a gente bebia antigamente, mas dos bons vinhos de sobremesa, que são produzidos quase no mundo todo - e que combinam (às vezes, espetacularmente !) com nossos doces pós-refeição.

Existem alguns tipos de vinhos de sobremesa, mas os mais comuns são produzidos basicamente de três formas :


1. Vinhos de colheita tardia - as uvas são deixadas no pé por mais tempo do que seria o normal. Com isso, elas concentram o teor de açúcar, e o vinho produzido a partir delas é igualmente doce. Bons exemplos são os vinhos identificados como Late Harvest, que significa precisamente colheita tardia. Há bons vinhos assim sendo produzidos na Argentina, no Chile, nos Estados Unidos. Até no Brasil eles já são produzidos, na região inacreditavelmente quente do Vale do rio São Francisco ...





2. Vinhos botritizados - são produzidos a partir das uvas atacadas pela botrytis cinerea, um fungo que faz pequenas perfurações na casca da uva. Com isso, a fruta perde umidade, resseca, fica com aparência de uva passa, e concentra o teor de açúcar. Os mais famosos são os franceses, produzidos em Bordeaux, na sub-região de Sauternes. Há também os Tokay, produzidos na Hungria. Costumam ser vinhos maravilhosos - infelizmente, costumam também ser caríssimos !





3. Vinhos feitos com uvas secas - as uvas, depois de colhidas, são secas por um processo industrial ou deixadas ao sol, nos casos mais tradicionais. O grande exemplo desta categoria são os vinhos italianos : o Vin Santo, produzido na Toscana, e os Passitos, produzidos no sul da Itália.




Escolha um dia a sobremesa de sua preferência (tortas de frutas, morangos, pêssegos, soufflés doces), e prove uma tacinha de um deles - aquele que caiba no seu bolso, é óbvio. Garanto que vai ser uma experiência e tanto.

Só não vale escolher sobremesas feitas com chocolate. Estas sobremesas não combinam tão bem com estes vinhos. Para os chocolates, há outras combinações - ficam para um próximo post.

7 comentários:

Nina disse...

Ah! Uma dica pro Vin Santo e molhar a cantucci ( biscoito toscano com amendoas na massa)nele fica divino!!!

Beijocassss

Nivaldo Sanches disse...

Yesss, Carol !!! Fica uma delícia, e é a sobremesa típica da Toscana. Pena que não é muito fácil encontrar cantucci por aqui ....

Pablo disse...

Tive restaurante em Buenos Aires e quando recebia mesas só de mulheres, oferecíamos o Norton Tardio, elas adoravam pelo sabor adocicado e frutado. E sempre pediam mais uma!
Importante destacar que se bebe fácil como suco porem o efeito final é do whisky...

Tereza disse...

Oi Nivaldo

Uma dúvida: neste fim de semana tomei um vinho de sobremesa - o Solera 1927 - acompanhado com uma torta de frutas cuja combinação ficou divina. De beber ajoelhada! A pergunta é: em qual categoria dos vinhos de sobremesa descritos aqui entra o Solera?

Beijos

Tereza

Célia disse...

Olá caro amigo de taças na mão! Também adooorooo vinho! Não tenho cacife para os "importados"... no máximo um chileno... mas dos nacionais adoro os "tinto seco"... e uma boa companhia! Precisa de mais alguma coisa? Ah! Se gostar de filosofar e de poemas tenho meu blog também, http://legnarc.blog.terra.com.br Abraços, Célia(amiga da Glória/leoa de Ribeirão... amiga de taças...)

Nivaldo Sanches disse...

Olá, Célia, seja bem vinda ! A boa notícia - se você tem cacife para um vinho chileno, como disse, certamente terá para os argentinos - que costumam ser mais baratos, e tão bons quanto os chilenos .. Experimente ! Estou visitando seu blog regularmente, faça o mesmo com o meu !
Abraços

Nivaldo Sanches disse...

Sim, Tereza, a harmonização do Solera com a torta de frutas ficou maravilhosa...
Esse, na verdade, é um vinho do tipo fortificado, e sua produção passar por três etapas. Na primeira, as uvas Pedro Ximénez são postas so sol para secar. O vinho é produzido a partir da fermentação dessas uvas passas (como no terceiro tipo que eu menciono no blog). Na segunda etapa, adiciona-se ao vinho uma certa quantidade de álcool vínico, como se faz no vinho do Porto e no próprio Jereza (produzido,como o Solera, na Andaluzia, no sul da Espanha). Finalmente, o vinho é misturado com vinhos de várias safras (é o método "solera"). Esse vinho, especificamente, tem como seu componente mais antigo a safra de 1927, daí o seu nome.
É um vinho especialíssimo, concordo com você !

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