segunda-feira, 12 de julho de 2010

Bacalhau !







No final de semana, estivemos em Campinas, na casa de nossos amigos Claudinha e Walther, para uma rodada de harmonizações - temos feito encontros desse tipo regularmente, alternando os locais entre Campinas e São Paulo. Os resultados são sempre ótimo - comemos, bebemos, damos risadas, conversamos e, naturalmente, comparamos vinhos ...

Desta vez, o chef Walther preparou uma bacalhoada que estava deliciosa. O lombo do bacalhau, assado, regado com muito azeite, e acompanhado de batatas, cebolas, tomates, pimentões e azeitonas - espetacular !

Claro está que o melhor vinho para escoltar o prato seria um vinho português - aliás, esta é uma das poucas regras que podem ser consideradas sempre corretas : se você vai provar pratos típicos de uma região ou de um país, procure acompanhá-los com os vinhos da mesma região ou país. É difícil dar errado ...

Atacamos, portanto, os vinhos portugueses. Foram três garrafas de vinhos diferentes, e a brincadeira consiste em encontrar qual deles harmoniza realmente bem com a comida.




O primeiro vinho foi um Esteva - um vinho do Douro, da conceituada vinícola Ferreirinha, safra de 2007, delicado e suave, na faixa de preço de 50 reais. Não era um vinho ruim, mas a harmonização não funcionou. O sabor, delicado demais, era totalmente superado pelos sabores marcantes do bacalhau. A suavidade do vinho vem da uva Tinta Barroca. A Touriga Franca dá ao vinho mais corpo e estrutura, e a Tinta Roriz acrescenta taninos - mas não o suficiente para "encarar" o nosso bacalhau. O vinho melhorou bastante depois de aberto por uns 45 minutos, mas mesmo assim não encantou.




Depois, partimos para outro vinho de 50/60 reais : o Quinta do Cotto, também do Douro, também de 2007. O corte desta vez era de quatro uvas diferentes : Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Francesa e Sousão (ah, os nomes das uvas típicas de Portugal valem por um poema de Fernando Pessoa!). Este já era um vinho de mais personalidade, mais intenso. A combinação com o bacalhau nos pareceu melhor - mas ainda não tínhamos chegado lá.








O terceiro vinho matou a pau. Voltamos à casa Ferreirinha, mas escolhemos agora um Vinha Grande 2006, também do Douro. Este era um pouco mais caro, na faixa de 100 reais. As uvas eram Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca e Tinta Roriz - e desta vez, a harmonização foi perfeita.





Já disse aqui outras vezes : você pode ficar na dúvida se um vinho está ou não harmonizando bem com a comida, até que subitamente você prova um deles - e de repente, você não tem mais qualquer dúvida ! Quando a harmonização se dá, você sente na boca, com perfeição, o sabor da comida, o sabor do vinho, e um terceiro sabor, que é produzido pela combinação dos dois anteriores. Tudo fica maravilhoso, o mundo sorri ao seu redor, e você quer mais bacalhau, e mais vinho ...

O bacalhau do chef Walther foi entusiasticamente aprovado - e fica aqui a a sugestão : procure harmonizar seu prato de bacalhau com um bom vinho do Douro - ou, é claro, de outra região de Portugal.. Para nós, o vencedor da noite foi mesmo o Vinha Grande.

2 comentários:

Claudia Gualteiri disse...

Adorei!!!
Agora que a Espanha foi campeã, fiquei com mais vontade de preparar nosso jantar espanhol!!!

Beijos,
Claudia.

Nivaldo Sanches disse...

Huuummmmmm .... jantar espanhol ... vamos combinar com vinhos espanhóis, obviamente !!
Se for mesmo uma paella, vou levar um Rioja branco, da uva albariño ... OBA !!

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