Fazia algum tempo que a gente não revia
nossos queridos amigos Sílvia e Nuno – e por razões muito boas : primeiro,
Tereza e eu estávamos viajando por 20 dias pelo Marrocos. Logo em seguida, eles
partiram para uma viagem de 30 dias por Portugal, onde o Nuno pôde rever sua
terra natal, da qual estava afastado há um bom tempo.
Domingo último, matamos as saudades – e eram
tantas histórias para contar, de um lado e de outro, que ficamos juntos por quase 8 horas (!!!),
falando sem parar …
Isto é – sem parar, não. Paramos algumas
vezes, para comer e principalmente para beber algumas das coisas maravilhosas
que eles trouxeram de sua viagem.
Provamos vinhos deliciosos, do Douro e do
Alentejo, mas o grande destaque do dia – e causa deste post solene – foi a
garrafinha da foto aí abaixo :
Sim, entre tantas coisas boas para falar,
para ouvir, para comer e para beber, despontou nada mais, nada menos do que um
mitológico Pêra Manca Branco 2014 …
Pra quem não está ligando o nome à pessoa,
o Pêra Manca é o belíssimo vinho produzido na igualmente belíssima cidade de
Évora, no coração do Alentejo, pela Adega Cartuxa (Fundação Eugênio Almeida).
Ah, ele é também, ao lado do Barca Velha, um dos dois mais famosos, respeitados
e reverenciados vinhos de Portugal.
A história da Adega Cartuxa é interessante –
seu fundador, Vasco Maria Eugênio de Almeida, era um dos homens mais ricos de
Portugal. Ao morrer, em 1963, e como não tinha herdeiros, ele deixou sua fortuna para a Fundação Eugênio Almeida – que, desde então, reverte todos os seus
lucros em inovações tecnológicas e – o que é mais bacana – em ações sociais
junto à comunidade em que está inserida.
O Pêra Manca Branco é produzido com as uvas
antão vaz e arinto, carregando toda a tipicidade do Alentejo. Aroma frutado,
cítrico e mineral – daqueles aromas que têm “camadas” : à medida em que o tempo
vai passando, você vai descobrindo na taça novas nuances.
Na boca, um vinho seco, mas macio, com
ótima acidez, e com sabor complexo e muito persistente.
Harmonizou maravilhosamente com um
queijinho camembert – a acidez do vinho combinada à untuosidade do queijo
resultava em uma coisa nova, um terceiro e delicioso sabor, que lembrava nozes
ou amêndoas. Inesquecível !
Fica registrada aqui, portanto, nossa
imensa gratidão à Sílvia e ao Nuno por nos proporcionarem a graça de saborear
essa maravilha !
10 comentários:
Encontros são deliciosos, ainda mais quando bem acompanhados em todos os sentidos. Saúde!
Exatamente, Leno ! E o sabor de um bom vinho é multiplicado pela satisfação e pela alegria que você está vivenciando no momento do encontro !!
Saúde !
Como é gostoso nos reunirmos com os amigos e com vinho então, melhor ainda.
Nivaldo, você leu o porque desses nomes tão originais, principalmente nos vinhos portugueses?Abraços
Olá, Quilis !!
Não, não conheço a origem dos nomes do vinhos - mas acho a sugestão ótima, vou tentar descobrir !
Há algum tempo, escrevi aqui no blog sobre os nomes curiosíssimos das uvas portuguesas, mas também não sei a razão dos nomes .. quem terá sido, por exemplo, o senhor Antão Vaz, que dá nome à uva branca do Alentejo ??
Pode dar um ótimo tema para um novo post !
Abraços
Foi muito prazeroso a " almojanta" com bem refere Tereza !
Com certeza outros se repetirão !
Parabéns pelo artigo no blogue !
Muitas outras se repetirão, com toda certeza, Boavida !!
Grande abraço
Nivaldo
Tem harmonização melhor do que o encontro com bons amigos? Foi muito gostoso encontrar vocês e trocar figurinhas! Tem uma citação ótima do Jules Renard assim: “When I think of all the books still left for me to read, I am certain of further happiness.” Além dos livros, penso em todas as viagens, os filmes, os comes e os bebes e, claro, os encontros com as pessoas queridas. Felicidade garantida por muuiiito tempo.
Parabéns pelo texto. Realmente, a combinação do vinho com o camembert me surpreendeu, acho que eu nunca tinha percebido tão nitidamente a criação de um novo sabor como dessa vez. E o mais incrível para mim é que o mesmo não aconteceu com o queijo brie, que eu sempre tive dificuldade de distinguir do camembert.
Abraços
Silvia
Olá, Sílvia, obrigado pelos comentários - e, de novo, obrigado pelo ótimo domingo !! Sim, eu concordo inteiramente - we can be sure of further happiness, no doubt !!
É legal a gente perceber de fato essa história da harmonização, né ? A Tereza tem uma frase legal - ela diz que em uma combinação OK entre vinho e comida, a gente chega à conclusão de que 2 + 2 = 4. Na harmonização perfeita, 2 + 2 = 5. E o bacana é que a gente pode até não entender muito bem o conceito da harmonização perfeita - mas quando ela acontece na boca, a gente a identifica !
Preparemo-nos, pois, para a further happiness !
Beijos
Quando estive em Portugal,estávamos tomando um Pera Manca Tinto e o garçom nos recomendou um outro vinho, segundo ele muito bom e mais barato, chamado Quinta do Noval. Fiquei muito agradavelmente surpresa com a qualidade desse vinho. Atualmente ele já não é tão barato como na época. Nivaldo,você conhece? E o que me diz?
Olá, Professora Janete !
Que bom "vê-la" por aqui, de novo !
Sim, conheço o Quinta do Noval, é um excelente vinho do Douro. Há uns 3 anos, estive em um jantar no restaurante A Bela Sintra, aqui em São Paulo, a convite da importadora Zahil. Foi um jantar harmonizado, conduzido pelo proprietário da Quinta do Noval. Tive oportunidade de provar 5 vinhos da Quinta, sendo 3 de mesa e dois Porto. Eram todos muito bons, mas nossa preferência recaiu exatamente sobre o Quinta do Noval Douro que você mencionou. Belíssimo vinho, você tem razão !! Infelizmente, como você diz, está caro por aqui - localizei, na Internet, o preço na Europa, cerca de 50 euros. Isso significa que esse vinho deve chegar por aqui por uns 300 reais ... Mas que vale a pena, lá isso vale !!
Beijos !
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