Há uma certa confusão nesse terreno das uvas e das regiões produtoras.
No Novo Mundo (Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia, Argentina, Chile) grande parte da produção é de vinhos varietais, ou vinhos feitos com uma única variedade de uva - malbec, chardonnay, cabernet sauvignon, carmenère, etc. Por isso, os vinhos quase sempre apresentam nos rótulos as suas uvas de origem.
Já no Velho Mundo (França, Itália, Espanha, Portugal, Alemanha) a história é outra. Em geral, a legislação desses países se fixa muito mais ao conceito de região demarcada - por exemplo, o Chianti Classico italiano é o vinho produzido na região x , que abarca as cidades tais e tais ao redor de Florença, na Toscana. Além disso, a uva a ser usada deve ser a sangiovese, e a produção do vinho deve seguir um conjunto bastante específico de regras oficiais. Outra coisa - o sujeito só pode produzir, por ano, um número específico de garrafas, de acordo com o tamanho do seu vinhedo.
Assim, quando você vê no supermercado uma garrafa de vinho com o rótulo Chianti Classico, não perca seu tempo tentando descobrir qual é a uva - a uva é sangiovese, por definição. Pode haver alguma pequena variação, de acordo com a legislação de cada país e com o gosto de cada produtor - este produtor irá acrescentar 5 % de uvas canaiolo, aquele outro produzirá o vinho com 10 % de cabernet sauvignon, mas a base sempre será sangiovese.
Coisa semelhante acontece com a grande maioria dos vinhos europeus. Um Rioja, espanhol será sempre feito à base da uva tempranillo. Um Borgonha, francês, será sempre feito à base da uva pinot noir. Os famosos Bordeaux, franceses, são autorizados a utilizarem na sua produção três tipos de uvas : cabernet sauvignon, cabernet franc e merlot - as proporções entre elas ficam a cargo do próprio produtor, e podem até variar um pouquinho de um ano para o outro.
Portanto, se for comprar um argentino ou chileno, foco na uva ! Se for comprar um europeu, foco na denominação de origem, ou região demarcada (essas informações sempre estão presentes nos rótulos dos bons vinhos ...)
sexta-feira, 30 de abril de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
Uma harmonização peruana ?!?
Tivemos uma nova degustação em casa, com o Walther e a Cláudia, de Campinas.
Desta vez, a Tereza decidiu inovar - fez um ceviche, aquela receita peruana de peixe cru que vai se tornando popular entre nós, aqui em Sampa. Como se faz um ceviche ? Veja uma das possíveis receitas aqui.
Feito o ceviche, o passo seguinte é - claro ! - o vinho com o qual deverá ser harmonizado. Deveríamos tentar um vinho peruano ? Bem ... sem querer desmerecer o país vizinho, "vinho peruano" parece um pouco demais, não acham ? E a presença do limão e da pimenta na receita deixam o tema da harmonização mais interessante.
Partimos então para um caminho que tem se tornado nosso preferido - elegemos três vinhos brancos, e bebemos os três, buscando sentir, de fato, qual o vinho que mais combinava com o peixe.
O primeiro deles foi um Chardonnay australiano, Jacob's Creek (cerca de 60 reais). O Chardonnay, com muita madeira, não casou bem. O sabor levemente adocicado e a madeira "mataram" quase completamenrte o gosto do ceviche. A gente colocava ambos na boca - e parecia estar somente tomando o Chardonnay ...
O segundo vinho testado foi um Gewürztraminer da Alsácia, do fabricante Leon Beyer (por volta de 100 reais). Também não deu certo ... O Gewürztraminer, com seu perfume intenso de lichia e de flores, "brigou" com o limão do ceviche, que claramente pedia um vinho mais ácido.
Finalmente, chegamos ao terceiro vinho - um Sauvignon Blanc Don Luiz, da chilena Cousiño Macul. Que maravilha ! A acidez perfeita, o casamento ajustado, a parceira evidente - você pode não estar muito certo quando uma harmonização não funciona, mas, quando você acerta, em geral não restam dúvidas. Foi nosso caso aqui, e fica então o registro - ceviche com Sauvignon Blanc é uma harmonização muito boa !
E outra boa lição, que nunca é demais repetir - o vinho chileno era o mais barato dos três, não mais do que 30 reais no supermercado. Nem sempre a gente precisa gastar muito para ter um bom resultado, quando se trata de harmonizações.
Desta vez, a Tereza decidiu inovar - fez um ceviche, aquela receita peruana de peixe cru que vai se tornando popular entre nós, aqui em Sampa. Como se faz um ceviche ? Veja uma das possíveis receitas aqui.
Feito o ceviche, o passo seguinte é - claro ! - o vinho com o qual deverá ser harmonizado. Deveríamos tentar um vinho peruano ? Bem ... sem querer desmerecer o país vizinho, "vinho peruano" parece um pouco demais, não acham ? E a presença do limão e da pimenta na receita deixam o tema da harmonização mais interessante.
Partimos então para um caminho que tem se tornado nosso preferido - elegemos três vinhos brancos, e bebemos os três, buscando sentir, de fato, qual o vinho que mais combinava com o peixe.
O primeiro deles foi um Chardonnay australiano, Jacob's Creek (cerca de 60 reais). O Chardonnay, com muita madeira, não casou bem. O sabor levemente adocicado e a madeira "mataram" quase completamenrte o gosto do ceviche. A gente colocava ambos na boca - e parecia estar somente tomando o Chardonnay ...
O segundo vinho testado foi um Gewürztraminer da Alsácia, do fabricante Leon Beyer (por volta de 100 reais). Também não deu certo ... O Gewürztraminer, com seu perfume intenso de lichia e de flores, "brigou" com o limão do ceviche, que claramente pedia um vinho mais ácido.
Finalmente, chegamos ao terceiro vinho - um Sauvignon Blanc Don Luiz, da chilena Cousiño Macul. Que maravilha ! A acidez perfeita, o casamento ajustado, a parceira evidente - você pode não estar muito certo quando uma harmonização não funciona, mas, quando você acerta, em geral não restam dúvidas. Foi nosso caso aqui, e fica então o registro - ceviche com Sauvignon Blanc é uma harmonização muito boa !
E outra boa lição, que nunca é demais repetir - o vinho chileno era o mais barato dos três, não mais do que 30 reais no supermercado. Nem sempre a gente precisa gastar muito para ter um bom resultado, quando se trata de harmonizações.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
O ambiente influi na nossa percepção do vinho ?
Em Mendoza, Tereza e eu tomamos um vinho que, no momento, nos pareceu encantador. Um Pinot Noir, da bodega Septima, chamado exatamente Septima Noche.
Parece ser um bom exemplo de como a ambientação influi na apreciação de um vinho. Naquele instante, naquele jantar específico, o vinho nos seduziu. Estávamos em um belíssimo restaurante, o Francesco, tínhamos passado um excelente dia na cidade, o jantar estava delicioso - enfim tudo contribuía para nosso ótimo humor ...
Depois, já em S.Paulo, comprei algumas garrafas - e a experiência foi decepcionante ... Não que o vinho seja ruim - é bom ! - mas está longe de ser tão magnífico quanto nos pareceu naquela noite. Hoje, eu diria que se trata de um Pinot Noir comum, de bom preço (cerca de 35 reais na importadora Interfood).
Harmonização ? Bem, como eu, na contra-mão das regrinhas genéricas, gosto de comer alguns pratos de peixe com vinho tinto, a recomendação é para um Pinot Noir como este, leve, com pouco corpo e quase sem taninos.
Parece ser um bom exemplo de como a ambientação influi na apreciação de um vinho. Naquele instante, naquele jantar específico, o vinho nos seduziu. Estávamos em um belíssimo restaurante, o Francesco, tínhamos passado um excelente dia na cidade, o jantar estava delicioso - enfim tudo contribuía para nosso ótimo humor ...
Depois, já em S.Paulo, comprei algumas garrafas - e a experiência foi decepcionante ... Não que o vinho seja ruim - é bom ! - mas está longe de ser tão magnífico quanto nos pareceu naquela noite. Hoje, eu diria que se trata de um Pinot Noir comum, de bom preço (cerca de 35 reais na importadora Interfood).
Harmonização ? Bem, como eu, na contra-mão das regrinhas genéricas, gosto de comer alguns pratos de peixe com vinho tinto, a recomendação é para um Pinot Noir como este, leve, com pouco corpo e quase sem taninos.
Gastronomia, vinhos e arquitetura : é a vinícola O. Fournier, Mendoza
Quando Tereza e eu estivemos em Mendoza, uma vinícola que visitamos foi a O. Fournier, de propriedade de uma família espanhola que também produz vinhos em Ribera del Duero (Espanha) e no Chile.
A vinícola impressiona, logo de cara, pela arquitetura e pela paisagem ao redor. Aos pés dos Andes, o belo edifício da vinícola foi construído alinhado ao posicionamento da constelação do Cruzeiro do Sul, e alguns dos seus vinhos top trazem nos seus nomes a referência às estrelas da constelação. Visite a vinícola, virtualmente, clicando aqui.
Em Mendoza, provamos e nos apaixonamos pelo Beta Crux, um blend com base em Tempranillo (claro, trouxeram da Espanha ...) suave e macio. Eles mesclam com Merlot, Malbec e Syrah. Também provamos o Alfa Crux, o top de linha deles, mas o que bebemos estava um pouco tânico demais - além de ser bem mais caro ...
Compramos algumas garrafas do Beta Crux, aqui em São Paulo (importadora Vinci, cerca de 80 reais) e a impressão continua ótima - o vinho desce redondo demais ... A Tempranillo dá o sabor básico, puxando pra morango ou framboesa, e o toque de Syrah acrescenta o típico aroma de especiarias.
Desceu muito bem com uma pasta com molho de tomate, mas é claro que cairia muitíssimo bem com carnes gordurosas, picanhas e maminhas de um bom churrasco.
Em Mendoza, provamos e nos apaixonamos pelo Beta Crux, um blend com base em Tempranillo (claro, trouxeram da Espanha ...) suave e macio. Eles mesclam com Merlot, Malbec e Syrah. Também provamos o Alfa Crux, o top de linha deles, mas o que bebemos estava um pouco tânico demais - além de ser bem mais caro ...
Compramos algumas garrafas do Beta Crux, aqui em São Paulo (importadora Vinci, cerca de 80 reais) e a impressão continua ótima - o vinho desce redondo demais ... A Tempranillo dá o sabor básico, puxando pra morango ou framboesa, e o toque de Syrah acrescenta o típico aroma de especiarias.
Desceu muito bem com uma pasta com molho de tomate, mas é claro que cairia muitíssimo bem com carnes gordurosas, picanhas e maminhas de um bom churrasco.
Brinde inaugural do blog Todo Dia é Dia de Vinho !
Vinho é, definitivamente, a bebida da moda. A cada dia, surgem novas publicações, novas lojas (físicas ou virtuais), novos apetrechos, novas importadoras, novos palpiteiros ....
Aqui estou eu, portanto, com a intenção de ser mais um desses palpiteiros, na esperança (um tanto vã) de que algúem esteja interessado em ler estas mal-traçadas e mal-bebidas linhas.
Com uma diferença - longe de mim posar de enochato, arrogante, com o bolso cheio de grana pra gastar em vinhos ... Meu propósito é outro - os vinhos do dia-a-dia, os vinhos que estão ao alcance do mortal comum, de mim, de você, da Tereza, do Fabio, da Angela, da Carol ....
Sim, pois gostar e apreciar vinhos não quer dizer desembolsar fortunas para tomar a última maravilha da prateleira de Bordeaux ou da Toscana. Quer dizer (eu acho !) experimentar, trocar idéias com os amigos, curtir, aprovar, desaprovar, recomendar, harmonizar - numa palavra, beber !
Nenhuma atividade é mais social do que a de beber vinho. Você pode chegar em casa estressado do trabalho e tomar um whisky. Você pode abrir uma cerveja pra ver o futebol na TV no domingo à tarde. Mas abrir uma garrafa de vinho, pressupõe, em geral, companhia.
Para isso abro aqui meu mafuá - para falar para todo mundo dos vinhos que ando bebendo, das novidades que ando experimentando, das magníficas harmonizações que venho realizando em segredo, com meu arroz-com-feijão-e-bife, com meu macarrãozinho com molho industrializado - mas também com meus ceviches, minhas raclettes, minhas fondues ....
Palpite sobre vinhos é bom de dar, e melhor ainda de receber - portanto, façam como eu : comentem o vinho que beberam ontem à noite, no jantar, o o que vão beber amanhã, no almoço. Critiquem meus comentários, discordem, corrijam, reforcem, seja lá o que for.
Aqui estarei lendo tudo, e escrevendo bastante - sempre que possível, com uma taça na mão.
Aqui estou eu, portanto, com a intenção de ser mais um desses palpiteiros, na esperança (um tanto vã) de que algúem esteja interessado em ler estas mal-traçadas e mal-bebidas linhas.
Com uma diferença - longe de mim posar de enochato, arrogante, com o bolso cheio de grana pra gastar em vinhos ... Meu propósito é outro - os vinhos do dia-a-dia, os vinhos que estão ao alcance do mortal comum, de mim, de você, da Tereza, do Fabio, da Angela, da Carol ....
Sim, pois gostar e apreciar vinhos não quer dizer desembolsar fortunas para tomar a última maravilha da prateleira de Bordeaux ou da Toscana. Quer dizer (eu acho !) experimentar, trocar idéias com os amigos, curtir, aprovar, desaprovar, recomendar, harmonizar - numa palavra, beber !
Nenhuma atividade é mais social do que a de beber vinho. Você pode chegar em casa estressado do trabalho e tomar um whisky. Você pode abrir uma cerveja pra ver o futebol na TV no domingo à tarde. Mas abrir uma garrafa de vinho, pressupõe, em geral, companhia.
Para isso abro aqui meu mafuá - para falar para todo mundo dos vinhos que ando bebendo, das novidades que ando experimentando, das magníficas harmonizações que venho realizando em segredo, com meu arroz-com-feijão-e-bife, com meu macarrãozinho com molho industrializado - mas também com meus ceviches, minhas raclettes, minhas fondues ....
Palpite sobre vinhos é bom de dar, e melhor ainda de receber - portanto, façam como eu : comentem o vinho que beberam ontem à noite, no jantar, o o que vão beber amanhã, no almoço. Critiquem meus comentários, discordem, corrijam, reforcem, seja lá o que for.
Aqui estarei lendo tudo, e escrevendo bastante - sempre que possível, com uma taça na mão.
Assinar:
Postagens (Atom)