Jantar em casa, mais simples, nestes dias pós-natalinos ...
Tereza decidiu fazer uma receita tradicional - a melanzane alla parmigiana, a berinjela clássica, ao forno, com molho de tomate e queijo cacciocavallo, de sabor mais marcante e salgadinho que a mozzarella de sempre.
O prato ficou uma delícia, e enriqueceu muito com o vinho escolhido para harmonizar - um belo Clos de Los Siete 2008, argentino de Mendoza, produzido pelo grande enólogo Michel Rolland, à base das uvas malbec e merlot, com toques de cabernet sauvignon, syrah e petit verdot.
Para quem não conhece a figura, o Michel Rolland é um enólogo francês, que tem sua carreira ligada a grandes produtores de Bordeaux. Hoje ele se internacionalizou, e dá palpites - sábios palpites ! - em vinícolas da Argentina, Chile, Espanha, África do Sul. O filme Mondovino conta um pouco da sua história e do seu papel - muitas vezes criticado - no que se considera uma padronização do vinho mundial segundo o gosto do mercado norte-americano.
A crítica tem razão - é triste pensar que dentro de algumas décadas todos os vinhos do mundo vão ser parecidos - mas o cara é bom, disso não há dúvida ...
O Clos de Los Siete é um vinho redondo e equilibrado, suave e de muita personalidade. Taninos presentes, mas elegantes, sem nenhum amargor - e foram sendo suavizados ao longo do jantar, com a oxigenação da garrafa aberta.
A harmonização com a berinjela foi ótima - aquele tipo de combinação, como já escrevi aqui várias vezes, em que o sabor conjunto é superior ao sabor da comida e do vinho, isolados.
A untuosidade da comida - muito calórica, é claro ! - foi compensada pela acidez do vinho. O toque de especiarias da uva syrah realçava o sabor já acentuado do molho de tomates e dos queijos parmesão e cacciocavallo.
Em suma - nos divertimos, comemos bem e bebemos bem !
Ah, sim, o vinho custou cerca de 90 reais no Emporium Dinis, no Shopping Morumbi, aqui em Sampa.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Vinhos para agradar o amigo chic - de 100 a 150 reais
Agora chegou a hora mais difícil - você vai passar o Natal na casa daquele seu amigo chic, que tem grana - e que além de tudo entende de vinhos ... E agora ? Como não fazer feio na hora de escolher o vinho ?
Pois aqui estou eu, com mais uma listinha, daquelas que me foram sugeridas pela Angela - os vinhos com preços entre 100 e 150 reais (caros !), e que podem ser encontrados no mercado brasileiro.
De novo : a lista é pessoal, o gosto é pessoal, e podem haver centenas de listas diferentes pela Internet. Esta é só mais uma delas : a que reflete o meu gosto e o gosto da Tereza !
Pois aqui estou eu, com mais uma listinha, daquelas que me foram sugeridas pela Angela - os vinhos com preços entre 100 e 150 reais (caros !), e que podem ser encontrados no mercado brasileiro.
De novo : a lista é pessoal, o gosto é pessoal, e podem haver centenas de listas diferentes pela Internet. Esta é só mais uma delas : a que reflete o meu gosto e o gosto da Tereza !
- Rutini - excelente vinho argentino, de Mendoza, nas versões malbec, cabernet sauvignon e merlot.
- Chianti Classico - estas maravilhas engarrafadas na Toscana, no coração da Itália, podem ser encontradas com rótulos de diversos produtores excelentes. Alguns deles : Rocca Delle Macie, Castello d'Albola, Badia di Passignano, Castellare di Castellina. Combinam bem com massas e molho de tomate.
- Herdade do Peso Aragonês - um português do Alentejo, encorpado, potente, respeitável ... Combina bem com um bacalhau à portuguesa - com muita cebola, tomate, alho, azeite.
- Vicar's Choice Pinot Noir 2006 - belíssimo pinot noir da Nova Zelândia, elegante e potente.
- Barbera d'Alba Carati 2001 e Barbaresco Bera 2005 - dois belos vinhos do norte da Itália, da região do Piemonte, ambos feitos com a uva nebbiolo.
- Rosso di Montalcino Pertimali 2005 - mais um toscano, produzido ao redor da cidade de Montalcino.
- Alfa Crux, de O. Fournier - um blend elegante, produzido em Mendoza.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Vinhos para presentear o sogro - de 50 a 100 reais
Continuando esta série de posts sugerida pela Angela, vou falar hoje sobre vinhos na faixa de preço de 50 a 100 reais.
Pois é, você vai para aquele jantar de Natal na casa do sogro, ou da sogra, e quer - é claro ! - dar uma impressionadinha nos velhos ... Eles não são especialistas em vinhos, mas também não são bobos. Você bota a mão no bolso e resolve gastar até 100 pratas - o que comprar ?
Vamos à minha lista. Como sempre, volto a comentar : é uma lista inteiramente pessoal, feita com base na minha própria experiência - ou melhor, na nossa experiência, minha e da Tereza. Também me restrinjo aos vinhos que podem ser facilmente comprados aqui em Sampa, no super-mercado, em lojas de vinhos ou pela Internet.
A seguir, a lista dos vinhos entre 100 e 150 mangos.
Pois é, você vai para aquele jantar de Natal na casa do sogro, ou da sogra, e quer - é claro ! - dar uma impressionadinha nos velhos ... Eles não são especialistas em vinhos, mas também não são bobos. Você bota a mão no bolso e resolve gastar até 100 pratas - o que comprar ?
Vamos à minha lista. Como sempre, volto a comentar : é uma lista inteiramente pessoal, feita com base na minha própria experiência - ou melhor, na nossa experiência, minha e da Tereza. Também me restrinjo aos vinhos que podem ser facilmente comprados aqui em Sampa, no super-mercado, em lojas de vinhos ou pela Internet.
- Septima Noche Pinot Noir - um pinot noir argentino, de Mendoza, suave e de muita personalidade.
- Vicar's Choice Sauvignon Blanc - um branco delicioso da Nova Zelândia, com aroma de maracujá - combina bem com frutos do mar.
- Angelica Zapata Chardonnay - belíssimo chardonnay argentino, encorpado e vigoroso.
- Beta Crux, de O.Fournier - um tinto mendozino, um blend de uvas delicioso e encorpado.
- Luigi Bosca - um argentino encontrável em qualquer super-mercado, com vários rótulos de várias uvas. É um vinho mais comum, mas nunca decepciona.
- Cousiño Macul Antiguas Reservas - um tinto chileno de respeito, que também nunca decepciona.
- Norton Reserva - um bom tinto argentino que pode ser de cabernet sauvignon ou de malbec.
- Marques de Casa Concha - a tradicional casa chilena produz esse vinho muito bom, produzido com carmenère, cabernet sauvignon ou syrah.
- Dolcetto d'Alba La Chiesa 2008 - um tinto do Piemonte, redondo e fresco.
- Bairrada Frei João Reserva 2007 - um português encorpado e potente, pra fechar a lista.
A seguir, a lista dos vinhos entre 100 e 150 mangos.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Vinhos para dar no Amigo Secreto - até 50 reais
Minha amiga Angela me dá outra boa sugestão - aproveitando a época, vou fazer uma série de posts com sugestões de vinhos como presentes de Natal, organizados por faixas de preço.
A Angela vai, pouco a pouco, se transformando numa espécie de assessora informal do blog, sempre sugerindo temas interessantes, fazendo comentários, dando palpites diversos - obrigado, Angela !
Ela sugeriu - e eu aceitei - dividir o tema em quatro faixas de preço :
Parece bacana, né ?
Evidentemente, minha lista está baseada no meu próprio gosto, e na minha própria experiência - outras centenas de listas do gênero poderão ser montadas por praticamente qualquer pessoa que goste de vinhos ...
Começo falando então sobre o primeiro item, os vinhos até 50 reais, excelente dica para dar de presente naquele Amigo Secreto da firma. Estas são algumas sugestões :
Para os europeus, em geral, vale a pena dar uma espiada em boas lojas de vinho - posso sugerir, por exemplo, a Cia. do Whisky, ou a Empório Del Mundo. Se a opção for comprar pela Internet - coisa que tenho feito bastante - sugiro a Todovino, a Decanter, a Vinci ... Há centenas delas !
A seguir, falarei sobre o segundo grupo, os vinhos de 50 a 100 reais - não percam !
A Angela vai, pouco a pouco, se transformando numa espécie de assessora informal do blog, sempre sugerindo temas interessantes, fazendo comentários, dando palpites diversos - obrigado, Angela !
Ela sugeriu - e eu aceitei - dividir o tema em quatro faixas de preço :
- Vinhos para dar no Amigo Secreto - até 50 reais
- Vinhos para impressionar o sogro ou a sogra no Natal - de 50 a 100 reais
- Vinhos para agradar o amigo chic - de 100 a 150 reais
- Vinhos para realmente impressionar - acima de 150 reais
Parece bacana, né ?
Evidentemente, minha lista está baseada no meu próprio gosto, e na minha própria experiência - outras centenas de listas do gênero poderão ser montadas por praticamente qualquer pessoa que goste de vinhos ...
Começo falando então sobre o primeiro item, os vinhos até 50 reais, excelente dica para dar de presente naquele Amigo Secreto da firma. Estas são algumas sugestões :
- Chianti Vernaiolo, um tinto da Toscana, fabricado pela Rocca Delle Macie.
- Primitivo di Manduria 2007, um tinto da Puglia, da Masseria Trajone
- Nero d'Avola Baglio del Sole 2006, um tinto do Piemonte.
- Trio, da Concha y Toro, um tinto chileno que é encontado em várias combinações de três uvas
- Trivento Reserva Malbec, um tinto argentino de Mendoza
- Morellino di Scansano, do produtor Cecchi, outro tinto da Toscana
- Vernaccia di San Gimignano, de Cecchi, um branco da Toscana
- Ventisquero Reserva, do Chile, uma linha completa de vinhos tintos a preços bem razoáveis
- Don Román Marques de Tomares, um tinto espanhol da Rioja
- Urban Uco Chardonnay ou Sauvignon Blanc, dois brancos de Mendoza
- Muralhas de Monção, vinho verde português, pra quem gosta
Para os europeus, em geral, vale a pena dar uma espiada em boas lojas de vinho - posso sugerir, por exemplo, a Cia. do Whisky, ou a Empório Del Mundo. Se a opção for comprar pela Internet - coisa que tenho feito bastante - sugiro a Todovino, a Decanter, a Vinci ... Há centenas delas !
A seguir, falarei sobre o segundo grupo, os vinhos de 50 a 100 reais - não percam !
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
O tema das rolhas
Desde pelo menos meados do século XVIII, as garrafas de vinho são fechadas com rolhas, idênticas às que a gente conhece até hoje.
A rolha clássica é feita de cortiça, um material que é extraído da casca de uma árvore chamada sobreiro. Mais da metade das rolhas produzidas no mundo, hoje em dia, são produzidas em Portugal. É um processo caro e trabalhoso. Imagine que o tal do sobreiro só está "no ponto" para começar a produzir a cortiça depois de 25 a 30 anos do seu plantio - e a partir daí, só dá para extrair cortiça de 9 em 9 anos.
Em resumo, trata-se de um produto caro. Além disso, a rolha clássica, de cortiça de sobreiro, é ameaçada por uma substância chamada tricloroanisol, ou TCA, produzida por um fungo. Quando esse fungo surge na rolha, o vinho poderá estragar, adquirindo um aroma de bolor - é o que os entendidos chama de vinho bouchonné , expressão que vem da própria palavra francesa para rolha : bouchon.
Sendo caro, e estando sujeito a riscos, já há, atualmente, muita gente boa no mundo dos vinhos propondo a substituição da rolha por produtos diferentes. E naturalmente, já há produtores de vinho, no mundo todo, partindo para esses materiais alternativos.
Em geral, os produtores europeus ainda resistem. A grande maioria dos vinhos franceses, italianos, espanhóis e portugueses ainda vem tampados com a velha e boa rolha de cortiça. Como boa parte desses vinhos é feita para ser guardada - os famosos vinhos de guarda - a rolha ainda parece ser a melhor solução. Ela é suficientemente porosa para permitir um tênue contato do líquido com o oxigênio, o que garante, ao longo dos anos, a evolução do vinho.
Já quando se trata dos vinhos do Novo Mundo - Estados Unidos, África do Sul, Chile e Argentina, Nova Zelândia e Austrália - está ficando cada vez mais comum a presença de materiais sintéticos - são aquelas rolhas que parecem feitas de plástico, ou de uma resina qualquer. Para vinhos brancos, e para vinhos tintos jovens, que devem ser bebidos dentro de no máximo 5 ou 6 anos, parece ser uma boa solução.
Outra opção que está crescendo, principalmente com vinhos da Nova Zelândia, é a chamada screw cap - é aquela tampinha de metal, de rosca, parecida com as tampas de certos azeites. Lembra também as tampinhas de garrafas plásticas de refrigerantes, só que feitas de metal.
Há gente do primeiríssimo escalão do mundo dos vinhos que garante que, no futuro, todos os vinhos serão fechados com screw cap. Será ?
É uma pena, mas só do ponto de vista da tradição. Convenhamos - é muito mais gostoso abrir uma garrafa de vinho com o saca-rolhas clássico, e guardar a rolhazinha de cortiça em um vaso decorativo, ao lado da mesa de jantar ...
Já do ponto de vista estrito da qualidade, embora ainda seja um pouco cedo para termos certeza, tudo indica que as tampinhas de rosca serão mesmo a melhor alternativa para selar nosso vinhozinho de todos os dias...
A rolha clássica é feita de cortiça, um material que é extraído da casca de uma árvore chamada sobreiro. Mais da metade das rolhas produzidas no mundo, hoje em dia, são produzidas em Portugal. É um processo caro e trabalhoso. Imagine que o tal do sobreiro só está "no ponto" para começar a produzir a cortiça depois de 25 a 30 anos do seu plantio - e a partir daí, só dá para extrair cortiça de 9 em 9 anos.
Em resumo, trata-se de um produto caro. Além disso, a rolha clássica, de cortiça de sobreiro, é ameaçada por uma substância chamada tricloroanisol, ou TCA, produzida por um fungo. Quando esse fungo surge na rolha, o vinho poderá estragar, adquirindo um aroma de bolor - é o que os entendidos chama de vinho bouchonné , expressão que vem da própria palavra francesa para rolha : bouchon.
Sendo caro, e estando sujeito a riscos, já há, atualmente, muita gente boa no mundo dos vinhos propondo a substituição da rolha por produtos diferentes. E naturalmente, já há produtores de vinho, no mundo todo, partindo para esses materiais alternativos.
Em geral, os produtores europeus ainda resistem. A grande maioria dos vinhos franceses, italianos, espanhóis e portugueses ainda vem tampados com a velha e boa rolha de cortiça. Como boa parte desses vinhos é feita para ser guardada - os famosos vinhos de guarda - a rolha ainda parece ser a melhor solução. Ela é suficientemente porosa para permitir um tênue contato do líquido com o oxigênio, o que garante, ao longo dos anos, a evolução do vinho.
Já quando se trata dos vinhos do Novo Mundo - Estados Unidos, África do Sul, Chile e Argentina, Nova Zelândia e Austrália - está ficando cada vez mais comum a presença de materiais sintéticos - são aquelas rolhas que parecem feitas de plástico, ou de uma resina qualquer. Para vinhos brancos, e para vinhos tintos jovens, que devem ser bebidos dentro de no máximo 5 ou 6 anos, parece ser uma boa solução.
Outra opção que está crescendo, principalmente com vinhos da Nova Zelândia, é a chamada screw cap - é aquela tampinha de metal, de rosca, parecida com as tampas de certos azeites. Lembra também as tampinhas de garrafas plásticas de refrigerantes, só que feitas de metal.
Há gente do primeiríssimo escalão do mundo dos vinhos que garante que, no futuro, todos os vinhos serão fechados com screw cap. Será ?
É uma pena, mas só do ponto de vista da tradição. Convenhamos - é muito mais gostoso abrir uma garrafa de vinho com o saca-rolhas clássico, e guardar a rolhazinha de cortiça em um vaso decorativo, ao lado da mesa de jantar ...
Já do ponto de vista estrito da qualidade, embora ainda seja um pouco cedo para termos certeza, tudo indica que as tampinhas de rosca serão mesmo a melhor alternativa para selar nosso vinhozinho de todos os dias...
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Márcio, você estava certo sobre as cervejas brasileiras ...
Tempos atrás, publiquei aqui um comentário sobre as maravilhosas cervejas da República Checa, e afirmei de passagem que as cervejas brasileiras estavam no mesmo nível.
Um leitor do blog, Márcio, me disse que discordava. Na opinião dele, as cervejas brasileiras "pareciam água suja" se comparadas às checas ...
Bem, meu amigo Márcio, você estava coberto de razão !
Ontem à noite, abrimos em casa duas cervejas - uma checa, considerada a melhor do mundo (Pilsner Urquell) e a outra, uma brasileiríssima Brahma - uam das minhas preferidas, aliás. A idéia, é claro, era comparar as duas de forma a permitir uma idéia mais clara sobre o tema.
Ah, Márcio, como você estava certo !!
Não dá para comparar as duas cervejas, de forma nenhuma !
Começo pela cor - a Pilsner Urquell é dourada, escura, parece encorpada. A brasileira, desbotada e pálida.
O aroma da Urquell é forte e marcante - a gente sente o cheiro de malte de longe, basta servir no copo. A Brahma simplesmente não tem nenhum aroma ! A gente quase enfia o nariz no copo, e não sente nada !
Quanto ao sabor ... bem, aí a comparação chega a ser covardia. A Urquell tem sabor de cerveja mesmo, intenso, forte, marcante. O sabor amargo fica na boca por muito tempo depois de a bebida ter sido ingerida. Beber a Brahma depois de ter bebido a Urquell - bem, a sensação era de que estávamos bebendo água ...
Mas não acreditem no que eu estou dizendo - façam a prova vocês mesmos, em casa. Dá para encontrar a Urquell em vários supermercados, em Sampa - eu comprei a minha no Supermercado Mambo, aqui no Brooklin. Nem é tão cara assim, pouco mais de 9 reais a garrafa de 500 ml.
Não dá para viver tomando Pilsner Urquell, infelizmente - mas a diferença, meus amigos, é simplesmente brutal.
O Márcio estava absolutamente certo !!
Um leitor do blog, Márcio, me disse que discordava. Na opinião dele, as cervejas brasileiras "pareciam água suja" se comparadas às checas ...
Bem, meu amigo Márcio, você estava coberto de razão !
Ontem à noite, abrimos em casa duas cervejas - uma checa, considerada a melhor do mundo (Pilsner Urquell) e a outra, uma brasileiríssima Brahma - uam das minhas preferidas, aliás. A idéia, é claro, era comparar as duas de forma a permitir uma idéia mais clara sobre o tema.
Ah, Márcio, como você estava certo !!
Não dá para comparar as duas cervejas, de forma nenhuma !
Começo pela cor - a Pilsner Urquell é dourada, escura, parece encorpada. A brasileira, desbotada e pálida.
O aroma da Urquell é forte e marcante - a gente sente o cheiro de malte de longe, basta servir no copo. A Brahma simplesmente não tem nenhum aroma ! A gente quase enfia o nariz no copo, e não sente nada !
Quanto ao sabor ... bem, aí a comparação chega a ser covardia. A Urquell tem sabor de cerveja mesmo, intenso, forte, marcante. O sabor amargo fica na boca por muito tempo depois de a bebida ter sido ingerida. Beber a Brahma depois de ter bebido a Urquell - bem, a sensação era de que estávamos bebendo água ...
Mas não acreditem no que eu estou dizendo - façam a prova vocês mesmos, em casa. Dá para encontrar a Urquell em vários supermercados, em Sampa - eu comprei a minha no Supermercado Mambo, aqui no Brooklin. Nem é tão cara assim, pouco mais de 9 reais a garrafa de 500 ml.
Não dá para viver tomando Pilsner Urquell, infelizmente - mas a diferença, meus amigos, é simplesmente brutal.
O Márcio estava absolutamente certo !!
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
E as safras ? Como escolher a safra, na hora de comprar um vinho ?
Bem, felizmente, a questão das safras não chega a ser um grande problema, na hora de comprar a maioria dos vinhos que a gente compra por aí ...
A informação sobre a safra é realmente importante quando se trata de um vinho europeu, um desses grandes vinhos que a maioria de nós, pobes mortais, vai comprar uma vez na vida outra na morte. Se você, por algum motivo, decidiu botar a mão no bolso e comprar um Bordeaux ou um Borgonha (franceses), um Vega Sicilia (espanhol), um Barolo ou Brunello di Montalcino (italianos) - bom, nesse caso, é bom dar uma consultada na Internet e ver quais as safras melhores e quais as que não são lá muito boas.
Se a opção - mais realisticamente - é por vinhos mais baratos, a questão das safras não precisa tirar o sono de ninguém na hora de comprar o vinho. Argentinos, chilenos, uruguaios, bem como a maioria dos vinhos de preço de médio para baixo da Europa - para esses vinhos, hoje em dia, a tecnologia disponível nas vinícolas faz com que as safras sejam mais iguais. Em outras palavras, as safras das uvas atualmente já não dependem tanto das condições climáticas aleatórias, como era no passado.
Fez mais calor ? Choveu antes do tempo ? Esfriou inesperadamente ? Os enólogos aprenderam a lidar tecnologicamente com esses processos naturais, e o impacto agora já não é tão dramático.
Mesmo um grande vinho, como o Barolo - produzido no norte da Itália, com as uvas nebbiolo - já não sofre como sofria no passado com as variações do clima. Meu grande amigo Pedro Paulo, o Pepê, me deu de presente um belo poster produzido pela Fontanafredda - um dos grandes produtores do Barolo. Esse poster mostra a qualidade de todas as safras de Barolo, desde o início do século.
Olhando o poster, a gente nota claramente que no passado existiam muitas safras pobres, ou regulares. Nos últimos dez anos, apenas duas safras foram consideradas pobres ou regulares (as de 2002 e 2003). Todas as outras são consideradas excelentes ou fantásticas (eles chamam de excellent e outstanding). Isso se deve, claramente, às inovações tecnológicas.
Ah, então, nem preciso olhar o ano do vinho que eu estou comprando no super-mercado ali da esquina, certo ?
Errado - é preciso olhar com atenção, mas não por conta da qualidade da safra, e sim, para ver se você não está comprando um vinho velho demais ...
Se você for comprar um vinho branco, observe o ano de produção, no rótulo. Os vinhos brancos devem ser bebidos bem jovens. Um vinho de mais de 3 ou 4 anos tem uma enorme probabilidade de já estar estragado. Olho vivo !
Os tintos são mais resistentes, mas mesmo assim, a grande maioria deles não são os chamados vinhos de guarda - aqueles lendários vinhos, que, segundo o dito popular, quanto mais velhos, melhores ... Os vinhos tintos, desses de todos os dias, devem ser comprados com no máximo 6 ou 7 anos. Depois disso, é grande a chance de você levar vinagre pra casa. Cuidado - afinal, seu dinheiro não nasce em árvores, né ?
A informação sobre a safra é realmente importante quando se trata de um vinho europeu, um desses grandes vinhos que a maioria de nós, pobes mortais, vai comprar uma vez na vida outra na morte. Se você, por algum motivo, decidiu botar a mão no bolso e comprar um Bordeaux ou um Borgonha (franceses), um Vega Sicilia (espanhol), um Barolo ou Brunello di Montalcino (italianos) - bom, nesse caso, é bom dar uma consultada na Internet e ver quais as safras melhores e quais as que não são lá muito boas.
Se a opção - mais realisticamente - é por vinhos mais baratos, a questão das safras não precisa tirar o sono de ninguém na hora de comprar o vinho. Argentinos, chilenos, uruguaios, bem como a maioria dos vinhos de preço de médio para baixo da Europa - para esses vinhos, hoje em dia, a tecnologia disponível nas vinícolas faz com que as safras sejam mais iguais. Em outras palavras, as safras das uvas atualmente já não dependem tanto das condições climáticas aleatórias, como era no passado.
Fez mais calor ? Choveu antes do tempo ? Esfriou inesperadamente ? Os enólogos aprenderam a lidar tecnologicamente com esses processos naturais, e o impacto agora já não é tão dramático.
Mesmo um grande vinho, como o Barolo - produzido no norte da Itália, com as uvas nebbiolo - já não sofre como sofria no passado com as variações do clima. Meu grande amigo Pedro Paulo, o Pepê, me deu de presente um belo poster produzido pela Fontanafredda - um dos grandes produtores do Barolo. Esse poster mostra a qualidade de todas as safras de Barolo, desde o início do século.
Olhando o poster, a gente nota claramente que no passado existiam muitas safras pobres, ou regulares. Nos últimos dez anos, apenas duas safras foram consideradas pobres ou regulares (as de 2002 e 2003). Todas as outras são consideradas excelentes ou fantásticas (eles chamam de excellent e outstanding). Isso se deve, claramente, às inovações tecnológicas.
Ah, então, nem preciso olhar o ano do vinho que eu estou comprando no super-mercado ali da esquina, certo ?
Errado - é preciso olhar com atenção, mas não por conta da qualidade da safra, e sim, para ver se você não está comprando um vinho velho demais ...
Se você for comprar um vinho branco, observe o ano de produção, no rótulo. Os vinhos brancos devem ser bebidos bem jovens. Um vinho de mais de 3 ou 4 anos tem uma enorme probabilidade de já estar estragado. Olho vivo !
Os tintos são mais resistentes, mas mesmo assim, a grande maioria deles não são os chamados vinhos de guarda - aqueles lendários vinhos, que, segundo o dito popular, quanto mais velhos, melhores ... Os vinhos tintos, desses de todos os dias, devem ser comprados com no máximo 6 ou 7 anos. Depois disso, é grande a chance de você levar vinagre pra casa. Cuidado - afinal, seu dinheiro não nasce em árvores, né ?
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Mais um bom vinho, com bom preço !
Ontem à noite voltamos a tomar um vinho que já tinha nos causado boa impressão : é o chileno Bicentenario, da Casa Donoso, da safra de 2006. O Bicentenario é apresentado nas versões malbec, carmenère e cabernet sauvignon. No site, eles indicam que tem também um chardonnay - mas esse eu nunca provei. O de ontem foi um cabernet sauvignon.
O Bicentenario é um vinho de boa relação preço / qualidade - sai por volta de 40 reais. É um vinho saboroso, de coloração vermelho brilhante. Tem um aroma de ameixas, com notas herbáceas bem marcantes. Os taninos estão presentes, mas são suaves e elegantes. De qualquer forma, sugiro abrir a garrafa algum tempo antes de beber - ou então usar o famoso decanter.
Combinamos o vinho com um spaghetti bem simples, com molho à base de manteiga, com pedaços de tomate e cebola, alho e manjericão - e muito parmesão ralado por cima. Ficou ótimo !
A Casa Donoso é uma vinícola que fica na região do rio Maule, no centro do Chile, próxima a Santiago. Eles têm uma linha ampla, que vai desde um vinho bem popular (e sem graça, na minha opinião) que é o Evolución até alguns bem mais caros, como o 1810 e o que se chama simplesmente D.
Já é possível encontrar esses vinhos em super-mercados, aqui em São Paulo. Para quem está aqui pela zona Sul, um bom lugar para procurá-los é o Empório Del Mundo, que já mencionei aqui no blog. Um dos sócios da loja é o Ramiro, meu amigo de longa data.
O Bicentenario é um vinho de boa relação preço / qualidade - sai por volta de 40 reais. É um vinho saboroso, de coloração vermelho brilhante. Tem um aroma de ameixas, com notas herbáceas bem marcantes. Os taninos estão presentes, mas são suaves e elegantes. De qualquer forma, sugiro abrir a garrafa algum tempo antes de beber - ou então usar o famoso decanter.
Combinamos o vinho com um spaghetti bem simples, com molho à base de manteiga, com pedaços de tomate e cebola, alho e manjericão - e muito parmesão ralado por cima. Ficou ótimo !
A Casa Donoso é uma vinícola que fica na região do rio Maule, no centro do Chile, próxima a Santiago. Eles têm uma linha ampla, que vai desde um vinho bem popular (e sem graça, na minha opinião) que é o Evolución até alguns bem mais caros, como o 1810 e o que se chama simplesmente D.
Já é possível encontrar esses vinhos em super-mercados, aqui em São Paulo. Para quem está aqui pela zona Sul, um bom lugar para procurá-los é o Empório Del Mundo, que já mencionei aqui no blog. Um dos sócios da loja é o Ramiro, meu amigo de longa data.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Pannonhalma !
Não, não, Pannonhalma não é um tipo de vinho, nem uma uva exótica de algum país pouco conhecido ...
Pannonhalma é um lugar fabuloso, uma abadia fundada no ano 1002, que fica encarapitada sobre um penhasco em uma minúscula cidadezinha na região oeste da Hungria. Visitamos esse lugar fantástico em agosto, durante nossa viagem aos países do leste da Europa.
A abadia de Pannonhalma faz parte da lista dos Patrimônios da Humanidade da UNESCO. Visitamos uma biblioteca lindíssima, com mais de 400.000 volumes, pinturas e esculturas. Visitamos também a igreja, o claustro, os corredores ...
E o que tudo isso tem a ver com vinhos ?
Bem, estou registrando aqui esta história apenas para comentar - mais uma vez ! - como a ambientação e a ocasião podem interferir na nossa avaliação sobre um determinado vinho. Como andei falando com meu querido amigo Heitor esses dias, o ato de beber vinho é uma experiência essencialmente sensorial. O clima, o local, o humor, a companhia, a atmosfera podem, sim, afetar nossa percepção. Um vinho normal, em outras circunstâncias, pode se transformar em uma bebida especial, em circunstâncias favoráveis.
Acho que isso nos aconteceu, a Tereza e a mim, em Pannonhalma. Almoçamos no belíssimo restaurante envidraçado, aos pés da abadia. De um lado, a vista, lá do alto, da cidadezinha e das planícies que a cercam. De outro, toda a imponência do prédio da abadia, impregnado de mil anos de História.
O vinho foi um pinot noir chamado Apátsági, de 2007, produzido lá mesmo, na abadia de Pannonhalma. Pareceu-nos delicioso, naquele momento ... Será que era, mesmo, tão bom ? Pouco importa : nossa memória afetiva guardará para sempre o encanto daquele momento.
Pra finalizar, uma tacinha de Tokay acompanhou a sobremesa -afinal, ainda estávamos na Hungria, berço desse vinho doce encantador.
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